sábado, 14 de dezembro de 2013

Pequena Ode do Grande Amor

Mariana tem olhos grandes
e grande sorriso também
traz aquele Sol d'antes
pra dias cinzas e feios

Tem uma sinceridade crua
daquelas que a vida não ensina
é coisa dela, de menina
a idade que chega não tira

Me faz feliz todo dia
em muitas noites também
me faz sentir ter alguém
e preenche vazios d'alma

Essa aura dela especial
dá animo de viver a vida
que as vezes é louca, corrida
mas ela torna diferente

Clichês e coisas piegas
detalhes que o amor toma parte
com o ardor de quem combate
tristezas e frustrações da vida

dizem que o amor não se engana
ou é sincero pelo menos
buscamos tudo oque não temos
mas eu tenho Mariana

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Caminhos


Seus caminhos não me negam nada
São partes dessa estrada que conheço
um mapa da cidade que não esqueço
sem espinhos, sem erro nem cilada

Direções que sei de cabeça
atalhos na palma da minha mão
numa cura calma pra solidão
um cobertor - que ele me aqueça

caminhos levam a algum lugar
nessas noites - madrugadas eternas
se revelam no enroscar das pernas
nos carinhos do pós-verbo amar

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A chuva

Por muito tempo olhei pro céu
e roguei por um pouco de chuva
Mas não havia nuvem por perto
então a vida era um deserto

uma chuva de qualquer carinho
pra molhar esse chão ressecado
não o deixar tão despedaçado
como o sabiá que canta sozinho

Assim só cantei minha ária
e duvidei enfim que fossem ouvir
pois como no fim o fim é cair
aceitei cantando a canção solitária

e já nem saía mais de capa
tinha me esquecido do verbo chover
o sentido muito repetido - esquecer
a solidão é multidão donde não se escapa

mas eis a surpresa - a chuva caiu
as plantas dormindo voltaram a crescer
minh'alma como se acabasse de nascer
no banho de chuva a alegria viu

e que sorte que nesse dia
deixei a capa em casa
larguei o mapa e voei na sua asa
voltei mais forte na manhã fria

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O acordar cedo

Bom dia diz o passageiro
de maneira maquinal
igual responde o cobrador
sem sequer erguer o olhar

um dia um pioneiro
beira o concreto natural
justo onde um cantor
jurou ver o velho mar

Agora é tudo impessoal
como um código de computador
Morre a chama do sonhar
vale mesmo o cheguei primeiro

Pobre é o homem que esquece
de viver pra sua mente
e passa a ser tão somente
engenhoso relógio que mal se conhece

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Criação

Deve ter sido de madrugada
que o Deus-criador nasceu
antes do calor da alvorada
em seu ardor a vida cresceu

Foram aqueles seres invisíveis
eles andaram pelo mundo
eu vi - eram coisas terríveis
que deram o passo profundo

O colorido surgiu depois
que o Deus decidido se cansou
que os tons só eram dois
e toda cor ele criou

muita coisa aconteceu
antes da invenção do tempo
e o próprio criador morreu
no tédio desse passatempo

mas parece que alguns
amavam o Deus demais
inventavam histórias comuns
que aprendiam dos ancestrais

se acharam os donos da terra
nos tronos os senhores da dor
viviam pra semear a guerra
E eram censores do amor

um dia surgiram uns loucos
que lembravam do coração
amavam - mas que pena - eram poucos !
nobres seres que respiravam paixão

A esse bando de desajustados
deram o nome de poetas
e portanto os mal amados
os mataram com a fúria das setas

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Uma cidade

A cidade engarrafa, a cidade cresce
Um calor que abafa, a insanidade aparece
Indo desordenadamente já não somos poucos
Vindo gente sem mente já estamos loucos

Esse mar de concreto que invade
a inundar o deserto que arde
e traz todo dia o calor
faz o vento parecer vapor

Nem Deus salva a dor dessa gente
e seu amor pela vida indecente
esses eternos dias obscenos
onde sempre se espera menos

nas ruas sujas da capital
ou nessas praias poluídas
não pegue a porta de saída
não tão perto do carnaval

entre intrigas e ônibus cheios
corre em silêncio o tal progresso
chegam empresas, negócio expresso
sobem prédios, todos feios

II

E quando chove na cidade
na verdade não tem graça
basta ver quando ela passa
pra entender a realidade

um alagamento em cada esquina
na rua um asfalto que cede
outro assalto que a polícia não impede
É notícia de ontem que virou rotina

terça-feira, 23 de julho de 2013

Quiçá

Talvez a vida não seja como esperava
e não veja outra vez o passado
mas como humano farei tudo errado
e direi que até o gênio errava

E as pessoas não são o que esperamos
por isso vivemos um mundo de decepção
assim cremos que todos tema intenção
mas erram como não sabemos e erramos

O amor pode ser complexo sentimento
que parece perfeito visto de longe
sempre bem quisto como a calma do monge
mas corrói a alma em certo momento

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Metalinguagem

Um sentimento piegas e rimas manjadas
versos pobres e irrelevantes
Não valem um cobre esses amantes
Pobre poeta que não aprendeu nada

Gozou da vida mas nunca sofreu
Não tem calo nem sangue nesse papel
Abusou da bebida e se julgou menestrel
Por culpa dos excessos sobreviveu

Como te ignoram todas as musas
que julgou escrever com tanta paixão
canta desafinado outra decepção
pois errou e a vida te acusa

Nessa profissão um erro é fatal
e a obsessão uma grande amiga
mande sentimentos pois periga
o poema morrer em preguiça real

Esses elogios te deixaram arrogante
Se julgou acima da auto crítica
essa noção foi pobre, raquítica
ao invés de nobre, criaram um ignorante

Mas talvez seja tudo mentira

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Longas horas

Procuro em invisíveis caixas de correio
mensagens em cartas em branco, perdidas
No escuro imagino. Vejo marcas na alma

O sonho me feriu, acordar aumentou as feridas
quem me viu chora por uma mão que não veio
o golpe que acertou em cheio foi renunciar à calma

Despero foi o companheiro da noite infinita
sozinho olhando pro nada esperando uma salvação
numa apatia que matou todo dia e cada emoção
o conformismo foi aceitar essa vida maldita

Pago o preço por acreditar completamente
em algo que me desprezou sem pena
surreal pensar agora naquela triste cena
ignorar o mal enorme que por ora sente

mas quando amanhece é perfeito
o corpo até esquece aquela dor
o espírito releva a tempestade anterior
a realidade da manhã é de outro jeito

se tornam irrelevantes as poças no chão
foram sinais de antes, da noite terrível
quero olhar pra cima e ver o Sol incrível
um dia só nasce alimentar o coração

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Vy'a

Uma tarde que começa assim
Sem pressa, sem alarde de emoção
a preguiça dita a falta de pretensão
quando invade a necessidade em mim

E o calor se torna suave
a espera, sua chegada
as ruas do bairro são caminhos
de sozinhos, uma risada
no fim da estrada uma chave
e enfim a alegria esperada

O dia poderia durar uma vida
sem cansar alcançaria a eternidade
chegaria ao patamar dos dias de verdade
no seleto lugar de saudade esquecida

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Um bar

Queria escrever um poema em Sol maior
pra que a vida seja só música e alegria
que tenha sempre a graça da vida vadia
e que cada dia que passa venha melhor

que o tema surja de madrugadas em festa
do som das garrafas e do copo cheio
topo aumentar o tom da canção que veio
essa alegria desregrada que você detesta

viva o estado ébrio da mesa desse bar
de onde vem e vão pessoas pra beber
onde a avareza não tem lugar pra ser
muito tem e não dinheiro pra pagar

Essa grande mesa é só a vida
Alguns sentam e despertam atenção
outros tentam e são só ilusão
e saem sem pagar nessa mesa perdida

segunda-feira, 17 de junho de 2013

São Pedro

Frio
Chuva
Um palco na praça

E uma nostalgia do tamanho do mundo
quando os acordes de uma sanfona tocam fundo

Saudade de coisas que lembrou pouco
uma queima de judas no interior
a fogueira no meio da rua o calor
E essa festa, esse som caboclo

Um dia eu volto pra roça
onde a vida é mais devagar
o homem é mais humano
conversam mais, sorriem mais

só que eu vou contigo, Rosinha
porque sozinho não fico mais

sábado, 15 de junho de 2013

Marcas de ti

Aquela noite qualquer foi uma ilusão
Seu cheiro de mulher ficou em mim
pensei que você viria assim
Mas te tive longe na minha mão

Quantos caminhos desenham um cenário
do sr sozinho deitado na cama
olhando pro teto e vendo quem ama
se perder nos segredos do horário

Passar a madrugada a esperar
uma voz sonhada que não aparece
A sós uma recompensa que se merece
se pensa um nós que nunca vai chegar

é mais uma noite pouco dormida
Ao louco que ousa imaginar
um sonho que pousa sem avisar
como um açoite que marca essa vida

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Sobre o tédio

Numa cadeira longe de casa
Vejo lentamente a chuva chegar
Imagino que tão somente você
queira abraçar as nuvens com sua asa

Ouvindo conversas ditas e perdidas
vendo gente estranha que vem e vai
O cão cheio de manha que deita e cai
e inveja as gatas que tem sete vidas

Eu sentado sou o único a ficar
esperando calado que chegue gente
que mude esse mudo, algo diferente
mas no mundo surdo só fico a esperar

Essas malditas horas que nunca passam
e a crueldade do tempo é me prender
nessa falsa e louca verdade que é viver
de aflitas e poucas idéias que me abraçam

sábado, 8 de junho de 2013

El sur

De muchas cosas puedo escribir
sobre el tema de latinidad
Che, sí soy sudaca de verdad
en español puedo sentir

En Ushuaia comienza el mundo
blanco, como la tierra del fuego
Y aun que yo fuese ciego
podría sentir lo bello y profundo

Escribo por la resistencia
como un guerrero mapuche
para que uno siempre luche
Y no olviden nuestra existencia

Que se hace sin mucha cerimonia
Y lejos de artificial, es muy natural
Como nuestra casa, el paraiso austral
ese pedazo de mundo que es la Patagonia

Desde lejos puedo mirar aquél cerro
que me hace recuerdar cosas buenas
Los muchos que te conocen apenas
te ven de nieve, pero sos fuerte como hierro

Una cuestion de identidad los andes
que unirá nosostros sudamericanos
el vecino de otro país igual es mi hermano
así seremos fuertes, honrados y grandes

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Cantos

Ontem encontrei num canto
Escritos num caderno qualquer
eternos versos regados a café
Gritos surdos que gritei tanto

Eram pedaços de mim que ficaram
Jogados assim no fundo da gaveta
guardados sem chave nem maçaneta
esquecidos como laços que cortaram

Nesse dia sem querer me lembrei
sem crer no que um dia já fui
Como todo ser que sempre evolui
Para frente eu também andarei

O passado as vezes deve ser esquecido
Se não serve para nos fazer bem
Apenas viver da lembrança de alguém
Uma má esperança que não vale ser vivida

terça-feira, 28 de maio de 2013

Coisas que vão com a brisa de verão

Vejo o mar misterioso de noite
e curto o luar, o leve açoite da brisa
Com o ir e vir da onda que te avisa
Que se foi um amor que nada negou-te

Talvez nem uma manhã irá se lembrar
um sentimento não é nada que dure
dirá estou sofrendo mas que o tempo cure
e na verdade nunca irá se importar

Nesses versos sem pé nem cabeça
escritos hoje para ninguém
guardam gritos e a cara de alguém
são finitos - se encontrar na rua, esqueça

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Antes dos Andes

Se sou filho de Deus quero a herança
me contento com uma montanha nos andes
Não me importa que os seus chegaram antes
não sou vaidoso nem quero a façanha

Quero um topo de neve eterna
colado ao céu azul como os olhos da menina
de onde veja a patagonia argentina
com a visão distante, como lanterna

E se Macchu Picchu faz parte disso
lá morrerei como herói, como rei
na cidade mítica estarei
eis minha ideia de paraíso

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Versos mofados

Olho pro céu e vejo a lua
nessa rua te beijo, entre a gente
há um sentimento como o astro, crescente
as vezes invento - você na minha cama, nua

Que o sonho dure até chegar o dia
que o Sol não cure essa ressaca de amor
a estaca no peito seja de alegria não de dor
Que o tempo viva como magia

Porque te desejo pra além de amanhã
ninguém sabe quanto te espero
em madrugadas perdidas sonho que te quero
não vá embora com a chegada da manhã

Soneto do amor não retribuído

Numa tarde de uma dia qualquer
A poesia veio no seu cheiro de mulher
não tenho nome, nem endereço
Só busco a ti, cativar seu apreço

Nesse calor das tardes eternas
que parecem prever o verão
brindemos o entrelaçar das pernas
O instante eterno da sensação

De alcançar o céu por acidente
E me dar aquela saudade
de um dia em tua cama

Seja honesta com a gente
e diga a singela verdade
Que apenas não me ama

sábado, 27 de abril de 2013

Sentimentos

Noite passada eu escrevi o amor
e alguma coisa me fez calar
Esse sentimento que pousa no ar
E um anjo, num lamento, roubou

Deitado nessa cama vazia
testemunhado pelo vento
veio chuva, fez lama. Roendo unhas ainda tento
enganar o tempo ou matar o dia

horas que escorrem do relógio sem opção
vou existindo no óbvio, sem ter que querer
sonhos que morrem afogados nessa coisa de viver
Versos que coitados, correm numa inútil ilusão

Numa indiferença que supera a dor
Fina e sutil como um dia chuvoso
raso e vazio o sentimento vaidoso
de não estar só, pedindo algo de calor

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Qualquer verso


Minha inspiração nunca mais foi a mesma
uma vidinha sem ação, sem nada que se ponha no papel
olhando o céu, engolindo seco, indo na velocidade da lesma
num beco sem saída, fugindo de um destino traçado e cruel

seguindo sem objetivo, vivendo no automático, pra onde aponte o nariz
finjo que sou feliz, invento dias festivos, engano meus amigos
e todos pensam que está tudo bem, e sobrevivo evitando alguns perigos
encenando sem que caia o pano, evito olhares, um sorriso e a voz que diz

sexta-feira, 12 de abril de 2013

MIstérios

Chegamos no mundo sem que nos perguntem
e somos obrigados a viver nessas regras
que foram impostas antes de eu nascer
choramos ao nascer, como um resmungo pra viver
porque aprendemos  a reclamar antes de equilibrar nas pernas
esperando achar nas dúvidas umas respostas que nos juntem

Vivemos assim, meio a contragosto, meio sem saber por que
apenas caminhando com a massa que tem as mesmas perguntas
gente que as vezes se esconde em aparências mas é igual a você
vivemos pra sentir intensamente, gozos e paixões queremos muitas
marcar a ferro quente essa loucura que é viver

Vivemos assim, para nos perder e nos complicar
andamos vendados, errando esquinas e confundindo bairros
nessa avenida de existir não existem atalhos nem carros
insistir nos erros, sangrar os calos de tanto andar

as vezes é tão rápido, amores que vem e vão
deixam prazeres, deixam dores e duram um verão
e no virar da estação, arrumamos outras cores pro coração

Mas é bom viver direito, aproveitar esse curto concerto
curtir o som imperfeito, amar e não se importar com defeitos

Por que um dia todo mundo morre

domingo, 31 de março de 2013

Procura-se algum sentido

Parei, pensei.
Provavelmente protegi o pensamento da pobre patrulha da psiqué.
Propus, perdi

Enfrentar é especial
Exigência do espírito escondido em esquecimento
Esperei, enganei-me

Senti ciúme da serenidade do céu
A simplicidade de ser um sonho superou cem segundos de sofrimento
Seguindo sem sentido. Superei, sorri

Vida vadia que vem e vai
na velocidade do voo da vespa
Venho pra ver a verdade e viver a vitória

Rara é a redenção, o rancor
Respeitável o riso, a real riqueza que rogam os reis
Reagindo ao ridículo de remar no rio raso
Respostas risíveis retumbam

E esse poema acaba tão inesperado quanto viver

quinta-feira, 28 de março de 2013

Os erros

Esse céu da noite, nublado
fechado como um véu de incertezas
como a vida, sonhada e vivida sob um manto de asperezas
me dá a certeza de que, querida, eu estou sempre errado

Isso antes me angustiava, de ser pequeno no universo
e me desesperava, eu pensava que era o único a errar
mas percebi que a graça de viver é tentar, errar e se frustrar
e caminhar errado, tropeçando nas pernas é o que peço

E se hoje o céu escuro parece uma grande ameaça
não se surpreenda que num instante, pra que merece, o dia vem
O Sol, um eterno verão, iluminando tudo e ainda bem
O sofrimento é interno, parece eterno, talvez um dia entenda mas ele passa

sexta-feira, 8 de março de 2013

Um dia quente

Vem, quero a morena vestida de Sol que sai linda do mar
quero te amar, ainda agora, quero você na areia dessa praia
paixão é como se chama o tesão que surge na hora e sem demora venho buscar
seu corpo pra me enroscar, ainda nessa estação antes que ela saia

vamos aproveitar o calor, fingir que há amor e nem sei o teu nome
o suor selvagem, o néctar do sexo, aquele que conhece o segredo
e como miragem, aparece para dizer sem medo que é fruta que se come
porque não é crime gozar, pecado é se lamentar, é não penetrar no fundo do prazer por medo

então vem, nua, crua e  intensa, por cima e por baixo
que dure toda a madrugada, pense que animais que somos, acabaremos suados
dá teu corpo molhado, entre uma mordida, uma apalpada eu me encaixo
como testemunha a lua, iluminada pra guiar os passos desses tarados

os filhos da luxúria não querem angústia, só o prazer de uma noite qualquer
algo de ternura. Gemer e absorver o amor do copo de uma mulher

terça-feira, 5 de março de 2013

Meu avô-hai


(ou um ensaio sobre a velhice)

Tradições de anos atrás
ele ainda segue à risca
Coisas que ninguém lembra mais
ele ainda pratica

Suas histórias de homem idoso
de tempos outros, tempos idos
que não o deixaram famoso
mas o fizeram vivido

E dorme cedo, acorda cedo e nesse ritmo vai
sai pra comprar jornal. Lê e fica com medo da violência na cidade
dá seus conselhos de velho, vive como se fosse chefe de família, um pai
E ouve suas músicas velhas, de velhos música que narram sua realidade

Fala de quando não estiver mais aqui
Como deve ser estranho se conformar
Que um dia pode estar pra partir
dormir, sonhar, simplesmente não acordar

O fim é um drama comum
a idade que chega nos deixa perto
a morte tá na cabeça de qualquer um
ninguém vivo se crê eterno

É o drama de imaginar o outro lado
e esse estado crítico
o medo de ter vivido errado
nesse pensamento único metafísico

segunda-feira, 4 de março de 2013

Versos irregulares

Hoje ainda sou aquele pobre moço
um poço de rancor que é um sentimento cinza
ainda um desajustado, nascido errado que nunca fez esforço
Choro, não faço o que posso pra ser menos ranzinza

Alguém que se iludiu com o que viu em alguns abraços
no escuro deu passos, deixou a alma e saiu machucado
Como quem aposta alto, em jogo marcado, com fichas contadas, recursos escassos
Eu confiei e fui derrotado

Algum tempo

Faz algum tempo que me abandonou
tenho dificuldade em lembrar teu rosto
pouca coisa sua restou
já se foi seu cheiro, se foi seu rosto

talvez nem sei sequer
terminar esse poema
coloco outro verso qualquer
que rime com o mesmo tema

melhor buscar nova inspiração
e largar essa de sofrer
o que ainda resta no coração
quase nada é voce

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Tarde de inverno em Fevereiro


Abri um livro e não consegui ler
Foi dificil de se concentrar
Pensei em coisas que queria dizer
em detalhes que não queria lembrar

Mas que vem na cabeça
e logo surge uma voz
que me grita - esqueça
não existe nenhum nós

ontem olhei no tarô
as cartas me deram sorte
no que dizia sobre amor
Veio a 13, a morte

Que significa renovação
o morto vai pro novo crescer
pra fugir dessa solidão
que insiste em aparecer

Nesse dia estranhamente frio
bem no meio do verão
queria um abraço macio
Que viesse comigo nessa ilusão

Porque hoje o que parece
uma ilusão ser feliz
como se o mundo quisesse
que meu céu fosse gris

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A meu pai

Quem é você que mal conheço
mas assim mesmo levo a herança
dizem que contigo me pareço
você, que abandonou uma criança

Não quero ser igual a ti
respeito os que estão a meu lado
quem me ama, quero aqui
pra não me sentir de novo abandonado

Você não merecia a rima
nem gastar meu papel
porque não te tenho estima
nunca te escreveria um cordel

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Saudade

A saudade as vezes não rima
e as vezes se prende no ar
outras é matéria-prima
E combustível do verbo amar

E se eles roubam de ti
levando-a rapidamente
como se não fosse digno sentir
com qualquer tipo de gente

Mas coração é sempre masoquista
sofre por gostar de sofrer
Me rebelo para que ele não insista
em lembrar que gosto de você

Mas não mando em nada
pobre essa minha autoridade
que deixa nessa cilada
o corpo que sente saudade

E uma coleção de versos perdidos
que falam do mesmo tema
Lembram agora tempos idos
de um coração que ainda queima

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Restos

Te dei meu coração
mas você não se importou
num dia qualquer de verão
assim me abandonou

Pra preencher essa lacuna
Nos vi como namorados
Se deu uma fortuna
ganhei uns poucos trocados

Se quer dizer algo também
uma desculpa ou coisa que valha
hoje eu até vivo bem
depois de sobreviver de migalha

me deixe de fato ir embora
quer dizer sem olhar pra trás
se o arrependimento chegar um dia
lembre que não estou mais

Sentir o que me fez
Quem cobra é a vida
cada coisa tem sua vez
não acaba na minha partida

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Do questionamento à resignação


Mas quem sou eu ?
que não sou bem sucedido
nem tão amado quanto vocês
tampouco sou bonito, ou interessante

que tenho essa vida opaca
ninguém se interessa
ninguem pergunta
o que eu tenho feito, o que acho disso

Eu que quero ser poeta
e tô longe de Fernando Pessoa
sou só mais uma pessoa
e claro, menos importante que você

eu que sequer sei rimar
que nunca aprendi a amar
que nem sei ser hipócrita
para fingir que sou feliz

não sou exemplo de nada
sou sempre uma sala apagada
tropeçando em todos os móveis
invisíveis no escuro

e meus amigos, tão interessantes
com conquistas, crescendo na vida
sorriem e são felizes, sim
são populares, todos gostam deles

eu que afasto as pessoas
que estão comigo por pena
ou por falta de opção
aturam minha presença irrelevante

E como posso julgá-los
se tudo isso é verdade
sou inapto pra viver bem
e ser aceito na sociedade

O correto é deixá-los ir
encontrar os outros interessantes
aquelas pessoas que realmente
ocuparão o seu vazio

E se eu estiver escrevendo
sei que nada importa
as gotas secarão, a vida vai
até que alguem se importe

para o mundo, sou deserto
seco, desinteressante, vazio
um pedaço abandonado da criação
que talvez se esqueçam que existiu

E se você estiver ainda lendo isso
nem preciso pedir, de verdade
apenas não se importe, ignore
sou mais um nessa cidade

eu sei que grito por socorro
e ninguém nem olha pro lado
é que sou mudo nesse mundo
e você, muito ocupado

nunca quis incomodar
nem sequer ocupar espaço
qualquer dia eu sumo, juro
ninguem vai se preocupar

nunca quis esse dinheiro
nem tampouco esse status
quero não dormir sozinho
quero atenção, algo de carinho
mas nunca passei de ponto anônimo

Um sentido (porque mais de um é possível)

E se perdeu em outra cerveja
mais uma vez, mais uma madrugada
ele sabe o que almeja
conhecer no mundo sua amada

Nessa vida sem deus e seu lei
tudo segue como manda o caos
o universo louco que me achei
foi planejado por homens maus

a vida só tem um sentido
a seta que aponta pro fim
estou aqui, sigo perdido
nunca deram a bússola pra mim

Sigo onde o nariz aponta
tropeçando a cada bar
me levando pra pagar a conta
que insistem em me cobrar

bebo por pura filosofia
ou talvez encontrar
mais um pouco de poesia
na garrafa que vai chegar

Tovasy

Tire sua alegria do caminho que eu quero passar
passar com minha tristeza
quero beber, depois chorar
e dizer o que tenho certeza

A caneta na mão é um perigo
Pois desabafo sem receio
O papel é meu melhor amigo
Nele seu julgamento não veio

Hoje o sentimento é negativo
o melhor é ir dormir
se essa noite eu tô vivo
com sorte amanhã posso partir

Ñe'êpapára

O poeta é um vagabundo
que vive do sentimento
sente as dores do mundo
e desabafa seu lamento

ele vive fora de moda
inapto a essa vida que corre
do homem que se acomoda
compra, envelhece e morre

O poeta é ninguém
porque não passa na TV
o poeta sou eu, pode ser você
num coração que ame alguém

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Um verão quente

Hoje acordei quando o Sol saiu
pra iluminar e queimar a cidade
com sua eterna vitalidade
nascendo pra quem pediu

E se tem Sol tem praia
especialmente nas bandas de cá
Pra quem se contagiar
pule o muro de casa, saia

Linda menina que anda devagar
debaixo desse céu azul
quero seu corpo nu
vamos curtir e vamos gozar

não quero saber seu nome
nem de onde você veio
mê dê o calor do teu seio
e não um número de telefone

porque é verão e faz calor
a estação manda pouca roupa
mas manda também calem a boca
Em longos beijos de amor

Corpos que se roçam de madrugada
gemendo um nome qualquer
quero no cheiro do seu corpo de mulher
Aquela sensação sempre esperada

Me faça esquecer o sofrimento
da maldade que há na rua
vamos curtir o brilho da lua
e gemer no êxtase do momento

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Devaneios de uma madrugada qualquer

A lua me viu chorar
foi testemunha do sofrer
se cansou do lamentar
e deixou amanhecer

me viu juntar dois versos
para contar minha verdade
dos sentimentos mais perversos
que é essa tal de saudade

Saudade de algo que não voltará
de momentos que ignoras
para te ver chegar
eu ficava contando as horas

Te desejei o mal
pelo mal que me fez
E a lua viu - não é normal
pensar isso entre vocês

As vezes olho pras paredes
encontro alguns papéis
me lembro dos seus olhos verdes
e como eles foram cruéis

por quê você não sai da cabeça ?
por mais que eu tente
como se fosse fácil - esqueça
um amor que sumiu de repente

porque não me envergonho
de escancarar um sentimento
sou menino e me exponho
ao mundo e seu julgamento

Talvez você nunca leia
e me ignore, sendo feliz
E talvez nunca creia
no que o menino diz

talvez um dia eu perca a rima
e perca junto a poesia
mande a métrica pra longe
deixe de sonhar e vire um executivo de terno e gravata
talvez deixe de ser menino e vire esses homens chatos que odeio - e você sempre quis

Eu não sei sobre amanhã
sei que hoje, nessa noite
sobre a luz da lua
preciso de uma ligação sua que diga: eu te amo

Você faz falta pra caralho

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Medo

Eu sei que tenho medo
não pedi pra ter, não quis
é um medo que me impede de viver
que me prende no sofrer
sinto que nem tão cedo
vou conseguir ser feliz

Não consigo assim simplesmente
fechar os olhos e pular
nesse abismo que é a vida
tenho medo dessa gente
que vai me censurar
se eu encontrar a saída

Dessa vida banal
do homem-escravo, homem-máquina
refém da própria rotina
desisto de virar a página
me rendo à vida normal
com terapia e fluoxetina

porque me considero covarde
para tentar revolucionar
chega - melhor se adaptar
antes que seja tarde

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Internas

Se não fui eu quem quis
Afastar nós dois
Me diga o que fiz
Que fui ignorado depois

O que tenho é um coração ferido
Dentro de um espírito magoado
Ainda me sinto zonzo, perdido
e tenho o ego humilhado

Deveria jogar tudo em suas costas
que é responsabilidade sua
deixei minhas fraquezas expostas
a dor veio violenta e crua

Vejo que meu erro foi então
apostar nisso de verdade
que te dar assim meu coração
me traria felicidade

Sonho Americano

Meu sonho de America Latina
é algo meio Che Guevara
envolve uma mochila e um amigo
que tenha a coragem e a cara
de rir pra qualquer perigo
de achar prata numa mina

Uma mulher por cidade
Belas muchachas de longos cabelos
Que gemem no ouvido em Espanhol
Sejam livres, sem vaidade
Pra dormir ao nascer do Sol
Numa orgia de suor, saliva e cheiros

Buenos Aires, Santiago, Potosí, La Paz
Cruzar os andes e ver o pacífico
Que eu encontre algo mais
que inspiração num cenário artístico

Quero me encontrar comigo
Deixar as tristezas para trás
Embarcar em séculos de história
Ver Macchu Picchu com sua glória
Me preservar nesse abrigo
A casa dos nossos ancestrais

sábado, 26 de janeiro de 2013

Confissão

Cadê você que já encheu essa cama
Pra voltar e dizer que me ama
Sussurrar no meu ouvido que voltou pra mim
Me abrace e diga teu lugar é aqui

É uma pena quando algo se acaba
Foi meu cabelo, se foi minha barba
Tento manter a dignidade
Inventando uma própria realidade

mas de noite eu olho pro teto
como seria bom você por perto
quem vai me abraçar ?
dizer - Eu te amo - e me beijar

Se não choro de madrugada
Não é questão ultrapassada
É que também já secou
De tanta lágrima que chorou

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Estágios II

A alma não estava pronta
e julgou uma afronta
O assassinato do sentimento
O ignorar do sofrimento

Mas o poeta sobreviveu
E seu coração escreveu
O papel foi quem deu atenção
quando falou sua emoção

Se quer saber não se sinta mal
que já chega o carnaval
Onde os artistas cantam
e os corpos amam

Todos vocês assistirão
O poeta vencer o verão
E cantar pra quem não cantou
Sorrir pra quem o abandonou

domingo, 20 de janeiro de 2013

Estágios


O amor bem sabe que dói
é ácido que vem e corrói
Quando parte, fica o lamento
Um choro a noite, de sofrimento

A noite se torna vazia
E a madrugada mais fria
Conjugar o verbo superar
é tão difícil quando respirar

Fingor que ela não existe
Pode deixar o dia menos triste
mas numa tarde inocente
você surge inconscientemente

Mas é necessário esquecer
A vida te puxa pra viver
É bom que encontre o embalo
mesmo que ainda sinta o abalo

Naquela fase que tudo é lembrança
E mais nada é esperança
Ainda se vê apertada
a imagem da então amada

Quando tudo dava certo
Quando ela estava perto
Quem fez tudo mudar ?
Quem deixou o sonho acabar ?

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A sorte ou algo de destino

Quero a sorte de um amor intenso
Dois corpos suados de madrugada
Que seja assim como penso
E de manhã ainda estejas acordada

Só me diga onde você mora
Em que parte dessa cidade
Vou te buscar e vou agora
Penso em versos e amor de verdade

Amor próprio sei que tenho
Mas ninguém quer passar sozinho
Me chame, pois eu venho
Te dar algo de carinho

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Juazeiro

O Sol do sertão não descansa
mata o bode, seca o chão
Nessa estrada de silêncio e solidão
Não se vê nem brincadeira de criança

Nesse calor que seca a alma
E a sombra é raridade
Sobrevive bravamente a palma
No mormaço abafado da cidade

Perto do rio que parece mar
Quero me livrar das coisas negativas
Aproveito pra então nadar
E deixo a mente ativa

Que segredos deixamos ao viajar
e nosso corpo não leva inteiro
há algo de místico no ar
E diferente no ar de Juazeiro