domingo, 24 de outubro de 2010

Em três atos

De que adianta o Sol brilhar
e o céu ficar azul
se os dias são todos cinzentos ?

De que valeria contar piadas
e rir com meus amigos
se meu coração não sente a mínima alegria

E todas as tentativas
são para esconder ou pelo menos tentar
que sou frustrado e infeliz

II
No silêncio da madrugada
a morte aparece, sedutora
Uma bela de vestido que te chama
para um mundo melhor

O caminho parece escuro
mas no fundo pode-se ver
um feixe de luz
O destino para um ser tão só

III
Pegou o elevador
chegou no 10º andar
Abriu a janela do hall
Sentou no parapeito

Olhou pra baixo
Pensou na sua vida
chorou e fechou os olhos

Ficou de pé
Deu um passo a frente
e voou para longe
Saindo desse mundo para sempre

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Impressão

As vezes escrevo muito
me empolgo
gosto de ver o papel escrito
e ler o que eu penso

Podem ser pensamentos perdidos
ou bobagens tão íntimas
que não deveriam esar aqui

Enfim, o papel em branco me incomoda
e a falta de pensamentos
também não penso na quantidade de leitores
visto que não escrevo best-sellers

Mas se ganhasse algum pra escrever
adaptaria meus temas
e falaria de tudo que se quer ler

Belas histórias de amor
pessoas felizes
uma vida em tecnicolor
no lugar da minha em cinza

Afinal a graça do negócio
é vender a alma e os sentimentos
por moedas de ouro
e valiosas contas bancárias

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Galo urbano

Tem um galo aqui perto
que faz eu me sentir na roça
canta alto, querendo acordar o mundo

Mas o galo da cidade
está com os horários trocados
e canta agora, meia noite
culpa dessa vida louca e corrida

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Escape

De uns tempos pra cá
decidi falar de coisas aleatórias
e porque não coisas alegres
pra tentar afastar sentimentos ruins

Só serviu como esconderijo
abafando o que eu sentia de verdade
e como se eu fosse Pompeia
vem como o Vesuvio
Invadindo simplesmente
e soterrando o que encontra

Yusulicaño

Yusulicaño é o nada
algo que não existe
uam palavra gerada em computador

Mas se eu posso ler
Como ela não existe ?
passou a partir de agora
a existir no mundo real

Virou filosofia em si
representação existente do que não existe
um novo nome pra Deus

Bebados discutirão em bares
filósfos em congressos
Livros serão vendidos
tentando explicar o yusulicañismo

Está inaugurada a filosofia do Século XXI
não pretendo explicar nada
esse texto abandona a falsa modéstia
pra entrar pra história

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Martelos

Martelos trabalham na casa ao lado
Meu irmão ouve som alto
Toca o telefone
Dormir de tarde é um desafio

Agora sim o silêncio total
só o ventilador girando
e o canto dos pássaros
embaixo do telhado

Então ela entra no quarto
acena pra mim
e dá um beijo de boa noite

martelos voltam a trabalhar
e meu irmão faz barulho
Acho que dormi

O relógio da cozinha

O ponteiro do relógio da cozinha
faz barulho pra andar
cada estalo é um segundo
de vida que se vai

Talvez seja proposital
pra mostrar o poder dele
não posso mexer nem tirar a pilha
seria apenas me enganar
o tic-tac está no meu cérebro

Maldito relógio
o que é preciso
pra te fazer voltar
queria corrigir erros
seguidos erros da minha vida
que me transformaram no que sou

Mas sozinho aqui embaixo
nesse silêncio mortal
quebrado pelo ponteiro
o barulho dos segundos
escorrendo pelo relógio
me trazem angústia

Além de ainda sereu mesmo
ainda perdi segundos preciosos
sem conseguir mudar nada

domingo, 10 de outubro de 2010

Pedaços

de textos abortados aqui e acolá, que iriam pro lixo


Passaros que voam
calmos num dia ensolarado
como pontos pretos no céu

e tão lives que são
somem lentamente no céu

venho por meio dessa
contar minhas alegrias
e mesmo que você não peça
saiba o que melhora meus dias

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Morrenasce

O saco da vida
fica ao lado do saco da morte
Quando nascemos
e começa cheio
o próspero saco da vida

mas no momento de nascer
a primeira moeda muda de saco
ali é o começo do fim

Então as moedas vão mudando de saco
inexoravelmente
pois nascer é o estopim
da contagem regressiva da morte

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Lembranças de infância

Noite de verão
viagem de carro
estradas escuras
pequenas vilas na beira

silêncio da viagem
cortado pelo rádio
meu irmão pequeno
dormindo do lado

o som é Djavan
que meus pais tanto gostam
e aquele vento
que dá vontade de dormir

Lembranças de infância
que não se repetem mais

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sonhos

Falar sobre os sonhos
pode ser uma tentativa frustrante
as vezes eles desaparecem
Dramaticamente quando a manhã chega

O inconsciente trata de apagar
Certas coisas estranhas
que convenientemente deveriam ficar escondidas