sexta-feira, 24 de julho de 2015

Direção

Dias passam, nada muda
sou o mesmo ali
perdido numa rua sem nome
numa cidade desconhecida
sigo procurando placas
sigo perdido na vida

Existir é uma eterna ressaca
de dor e indisposição
a noite parece distante
aquele sorriso, um borrão
o caminho segue errante
o Sol é ilusão

terça-feira, 21 de julho de 2015

Céu de Junho

A lua tá aqui no quarto
grande astro iluminando a cama
entrando pela banda da janela

Corre pelo céu, é ela
com seu brilho me chama
Se esconde na nuvem e parte

Demoro, olho
ela me olha por horas
me olha nos olhos
ora bolas, decide sair da timidez
retribuir o cumprimento
resolvi de uma vez
vou pra janela e sento

Disse oi e ela desapareceu
acenei e ela sumiu
orgulhoso o Sol surgiu
Pena...a lua é mais tímida que eu

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Gente



Por todo lado gente pouca
que vive na própria pequenez
gente que dorme de touca
perdem voz e vez

São donos de uma alma egoísta
e se perdem na vista

Ah

gente tão louca
que não liga pra quem diz
que é difícil ser feliz
que de reclamar fica rouca

Esses loucos tem na alma um carinho
e por isso não perdem o caminho

O caminho vale mais que chegar
na viagem se ama e se encanta
o trajeto é assim
a chegada é só o fim

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Poesia no concreto

Lua
pessoas
a brisa do mar banhado de esgoto

Gente vai, gente vem

Ponto cheio
buzu que não passa

Parou

Foram os carros
foi sinal
foi a correria
Por alguns segundos...

A selva tem pressa
o fluxo não para

Gente apressada
carro apressado
buzu nem tanto

Eu
de verdade
quero mais devagar

Cidade grande
ritmo irregular
rimas cinzas
versos confusos

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Dezpracinco

O relógio na parede parou
eram dez pras cinco
de um dia qualquer
naquela sala ninguém notou
típico lugar que o tempo engoliu

parou: disse uma velha mulher
e então se fez silêncio
saíram e a vida seguiu
passou e a terra girou

E ninguém se lembra agora
o que fez naquela hora
que o relógio parou

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Motivos

Não escrevo pra salvar vidas
Nem minha nem de ninguém
 nem me atrevo a posar de herói
e pintar um quadro que não convém
quero é o caos das verdades caídas
homens maus que enganam por enganar

Sou talvez aquela noite escura de lua nova e sem estrelas

Cave a cova sem que possa vê-la


Um lamento, muxoxo, lamúria

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Palavras

Dia de ontem quero não
nem nenhum riscado encalendário
chega de velhos passados
de ontens atrasados viver

Guarde a máquina de escrever
E seu dicionário de rimas
Vomitarei palavras sem saber
sem nexo ou dilema horário

O objetivo não é se entender
mas ocasionalmente pode acontecer
com muita gente na sintonia

Rima na mente e é raro