domingo, 31 de março de 2013

Procura-se algum sentido

Parei, pensei.
Provavelmente protegi o pensamento da pobre patrulha da psiqué.
Propus, perdi

Enfrentar é especial
Exigência do espírito escondido em esquecimento
Esperei, enganei-me

Senti ciúme da serenidade do céu
A simplicidade de ser um sonho superou cem segundos de sofrimento
Seguindo sem sentido. Superei, sorri

Vida vadia que vem e vai
na velocidade do voo da vespa
Venho pra ver a verdade e viver a vitória

Rara é a redenção, o rancor
Respeitável o riso, a real riqueza que rogam os reis
Reagindo ao ridículo de remar no rio raso
Respostas risíveis retumbam

E esse poema acaba tão inesperado quanto viver

quinta-feira, 28 de março de 2013

Os erros

Esse céu da noite, nublado
fechado como um véu de incertezas
como a vida, sonhada e vivida sob um manto de asperezas
me dá a certeza de que, querida, eu estou sempre errado

Isso antes me angustiava, de ser pequeno no universo
e me desesperava, eu pensava que era o único a errar
mas percebi que a graça de viver é tentar, errar e se frustrar
e caminhar errado, tropeçando nas pernas é o que peço

E se hoje o céu escuro parece uma grande ameaça
não se surpreenda que num instante, pra que merece, o dia vem
O Sol, um eterno verão, iluminando tudo e ainda bem
O sofrimento é interno, parece eterno, talvez um dia entenda mas ele passa

sexta-feira, 8 de março de 2013

Um dia quente

Vem, quero a morena vestida de Sol que sai linda do mar
quero te amar, ainda agora, quero você na areia dessa praia
paixão é como se chama o tesão que surge na hora e sem demora venho buscar
seu corpo pra me enroscar, ainda nessa estação antes que ela saia

vamos aproveitar o calor, fingir que há amor e nem sei o teu nome
o suor selvagem, o néctar do sexo, aquele que conhece o segredo
e como miragem, aparece para dizer sem medo que é fruta que se come
porque não é crime gozar, pecado é se lamentar, é não penetrar no fundo do prazer por medo

então vem, nua, crua e  intensa, por cima e por baixo
que dure toda a madrugada, pense que animais que somos, acabaremos suados
dá teu corpo molhado, entre uma mordida, uma apalpada eu me encaixo
como testemunha a lua, iluminada pra guiar os passos desses tarados

os filhos da luxúria não querem angústia, só o prazer de uma noite qualquer
algo de ternura. Gemer e absorver o amor do copo de uma mulher

terça-feira, 5 de março de 2013

Meu avô-hai


(ou um ensaio sobre a velhice)

Tradições de anos atrás
ele ainda segue à risca
Coisas que ninguém lembra mais
ele ainda pratica

Suas histórias de homem idoso
de tempos outros, tempos idos
que não o deixaram famoso
mas o fizeram vivido

E dorme cedo, acorda cedo e nesse ritmo vai
sai pra comprar jornal. Lê e fica com medo da violência na cidade
dá seus conselhos de velho, vive como se fosse chefe de família, um pai
E ouve suas músicas velhas, de velhos música que narram sua realidade

Fala de quando não estiver mais aqui
Como deve ser estranho se conformar
Que um dia pode estar pra partir
dormir, sonhar, simplesmente não acordar

O fim é um drama comum
a idade que chega nos deixa perto
a morte tá na cabeça de qualquer um
ninguém vivo se crê eterno

É o drama de imaginar o outro lado
e esse estado crítico
o medo de ter vivido errado
nesse pensamento único metafísico

segunda-feira, 4 de março de 2013

Versos irregulares

Hoje ainda sou aquele pobre moço
um poço de rancor que é um sentimento cinza
ainda um desajustado, nascido errado que nunca fez esforço
Choro, não faço o que posso pra ser menos ranzinza

Alguém que se iludiu com o que viu em alguns abraços
no escuro deu passos, deixou a alma e saiu machucado
Como quem aposta alto, em jogo marcado, com fichas contadas, recursos escassos
Eu confiei e fui derrotado

Algum tempo

Faz algum tempo que me abandonou
tenho dificuldade em lembrar teu rosto
pouca coisa sua restou
já se foi seu cheiro, se foi seu rosto

talvez nem sei sequer
terminar esse poema
coloco outro verso qualquer
que rime com o mesmo tema

melhor buscar nova inspiração
e largar essa de sofrer
o que ainda resta no coração
quase nada é voce