sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Rima

A rima começa assim
num pensamento sem fim
Da caneta riscando o papel
e nuvens rasgando o céu

Da palavra que surge, perdida
De uma experiência de vida
Entre minutos pra decidir
a que melhor encaixa ali

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Uma criança

Ninguém realmente se importa
com suas tristezas
suas angústias de criança
e seus sonhos perdidos

A sua dificuldade
em entrar no mundo dos adultos
deixar seu brinquedo de lado
e assumir responsabilidades

A criança me disse
que não quer crescer
não quer ganhar dinheiro
nem sofrer que nem gente grande

Quer só continuar brincando
com seu brinquedo de criança

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Salvador

O Sol que se põe aqui
escondendo-se na baía
oh ! Salvador dos meus sonhos
pedaço de África a brilhar n'America

Com os prédios que te invadem
cicatriz deixada pelo progresso
a cidade de tantas ladeiras
cortada por uma pista reta e infinita

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Verão

As mangueiras estão carregadas
de mangas bem rosas
é o verão chegando
mais um ano que termina

Me lembrando da infância
do banco debaixo da árvore
crianças que corriam atrás
de cada fruta que caía

Manga verde com sal
agora é coisa do passado
dos dias de vacas magras
da época de estudar

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Seguindo

Sou extremamente romantico
penso coisas bonitas
todos os dias
que não servem de nada

Acabam indo pro lixo
das sobras da mente
por falta de uso
e sozinho ando

Pensie em usar um pseudônimo
e publicar tudo isso
como um poeta apaixonado
que escreve pra sua musa

Não, é melhor descartar
simplesmente ignorar isso
pra evitar um constrangimento
matar o pseudônimo

E deixar que o escritor
que entende de estar só
escreva o cotidiano
de estar sempre só

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Uma coruja e algumas estrelas

Numa madrugada clara
a lua cheia no topo do céu
era uma noite de quase verão
Uma coruja observava
no telhado do vizinho
acho que me olhava
com sua sabedoria

Chegou mais perto
trocou de telhado
ela queria dizer algo
um segredo importante

Nos olhamos
esse momento durou segundos
ela sumiu
eu saí da janela

Que grande pensamento
eu deixei de ouvir
nunca saberei ao certo
na minha ignorancia humana

II

Nesse momento
bem lá em cima
seres me observam
estudando a espécie

ou apenas dando risadas
com o reality show do homo sapiens
que se julga tão inteligente
mas não alcança as estrelas

Do sonho da criança
da promessa do namorado
a inspiração do poeta
e o objetivo do astronauta

Apenas estradas para seres
que de tão evoluídos
vivem em outra dimensão
e escapam dos nossos olhos

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A chuva

Depois de dias de Sol
e noites estreladas
finalmente o céu fechou
e choveu de madrugada

No silêncio da rua
quando dorme o mundo
a chuva coitada
Veio escondida, sem público

Sabia que é quase verão
e não é mais bem-vinda
ainda mais num fim de semana
em Salvador da Bahia

Fugiu correndo
antes do amanhecer
envergonhada, mas com dever cumprido
deixando o Sol brilhar

E na sua posição de astro rei
agradar a todos
com outro dia iluminado

sábado, 4 de dezembro de 2010

Sudamerica

Ando en la calle
Bajo un cielo azul
me gustaria en una motoneta
Ir de La Plata hacia Chubut

Me voy por la Patagonia
hacía el Chile de mi sueño
veo el Pacífico ahí
mar tan grande y sin dueño

Los Andes tan inponentes
me levvan por todo imperio Inca
povo valiente y guerrero
en la cordillera su chaska hinca

Y en MacchuPicchu
el valle sagrado
donde descansó Pachacútec
el rey glorificado

Creo que dormí demasiado
Y soñé lejos
Muchisimo lejos hoy

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um mar

Hoje depois de muito tempo
voltei pra casa pela orla
para ver o mar

Mas de que adiantou
se a viagem foi de noite
se sentei do lado contrário

So vi carros indo
e pessoas apressadas vindo
de repente uma curva foi feita
e tudo voltou ao cotidiano

sábado, 27 de novembro de 2010

Pensamento perdido

A pior coisa que há
é perder um pensamento
ontem mesmo, por exemplo
tinha um bom texto na mente
juro que era

E pela demora em escrevê-lo
devo ter dormido, acho
perdi para sempre
apagou-se na mente
e vaga pelo cosmos

no universo das idéias perdidas
esse espaço superlotado
que tem com certeza
pensamentos de cada um

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Aula

Chego tarde na aula
me atraso de propósito
para passar o menor tempo
ouvindo debates repetitivos

Na frente da sala
a professora vai falando
prefiro me perder nesse texto
esperando as horas passarem

A sala está cheia
de pessoas interessadas
ou aparentemente estão
não sei onde estã suas mentes

A hora insiste em não passar
mesmo que eu olhe o relógio
a cada instante
na esperança de acabar

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sorrisos amarelos

Dê um sorriso amarelo
e diga que está tudo bem
Quando for perguntado
Mesmo que seja uma grande mentira

Chegue ao fundo do poço
da sua vontade de viver
pense num modo
de deixar de existir

Who cares
about your life
about your emotions
Nobody cares

Fuja enquanto é tempo
Desista enquanto as fichas são baixas
A vida é para os fortes
de corpo e espírito

domingo, 14 de novembro de 2010

Simples cotidiano II

Enquando dormia
sonhei com poker
com bombas atômicas
e com minha família

Nem Freud explica
o sentido desses sonhos
e a ligação entre eles

A completa afirmação do nada
e a psicodelia do inconsciente

A viagem foi inútil
de volta ao ônibus
dessa vez do lado do Sol
experimentando o verão que virá

Trinta graus, marca o relógio
na frente do ponto
Trinta graus é a temperatura
que o homem derrete, penso eu

Queria uns dias nublados
pra viver esse cotidiano

sábado, 13 de novembro de 2010

Simples cotidiano I

Era uma tarde de novembro
Céu Azul
Fazia calor na cidade

O vento que batia
pensava no ano que viria
com alguma esperança de mudança

Pessoas alheias a isso
nas filas esperando o ônibus
pra voltarem às suas vidas

A fila cresce e o ônibus não vem
pessoas já impaciente esperam
um homem passa vendendo café

Alguns mexem no celular
outros conversam
muitos apenas esperam

minutos que duram uma eternidade
que justificam o estar atrasado
e o onibus cheio

Então chega ele
tão esperado
o salvador

Lado da sombra
pra ir curtindo a viagem
chega o sono

Quem senta do lado
insiste em tentar ler
sinais quase indecifráveis
de um alfabeto particular

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Um épico

Meu sonho era escrever
um poema épico, heróico
que estivesse nos livros de história
como nome de herói nacional

Perpetuando meu nome
para todas as gerações futuras
terem algum motivo
pra se orgulharem de mim

Nem isso consegui
escrevo esse poema frustrado
que faz companhia
a outros tanto iguais

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Aquele jovem

Se aquele jovem morreu
foi de saudades
de algo que nunca conheceu
um amor de verdade

Mas não lamente sua solidão
e nem sua partida
Essas dores do coração
fazem parte da vida

Numa carta que me escreveu
dizia cansei de sonhar
vou para um lugar melhor

pro amigo que a leu
não se preocupar
com um destino tão só

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Um lamento qualquer em dois atos

O dia vai chegando
na sua segunda hora
e sentado na cama
dedilho as cordas do violão

Apago as luzes
e só as cordas ressoam
no escuro do meu quarto
sou feio, mas não importa

De nada vale
é um mundo de cegos
onde sons agradáveis
valem mais que aparências

II

Me permita chorar
no escuro da cama
quando penso quem sou
e na vida que tenho

Me perdoem
por pensar todas as noites
como seria melhor se eu não tivesse nascido
sonho com isso sempre

E nos sonhos alegres
me vejo feliz existindo
no limbo dos nunca nascidos
sem conhecer a dor da vida

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Soneto sem título

Depois do poente
choveu de repente
vidros fechados
e homens molhados

Vivendo na solidão
de uma grande cidade
sobrevivendo numa situação
e escapando da realidade

O ônibus viaja apressado
um vento frio na janela
me dá vontade de dormir

Não vejo do meu lado
tão linda, ela
é hora de partir

domingo, 24 de outubro de 2010

Em três atos

De que adianta o Sol brilhar
e o céu ficar azul
se os dias são todos cinzentos ?

De que valeria contar piadas
e rir com meus amigos
se meu coração não sente a mínima alegria

E todas as tentativas
são para esconder ou pelo menos tentar
que sou frustrado e infeliz

II
No silêncio da madrugada
a morte aparece, sedutora
Uma bela de vestido que te chama
para um mundo melhor

O caminho parece escuro
mas no fundo pode-se ver
um feixe de luz
O destino para um ser tão só

III
Pegou o elevador
chegou no 10º andar
Abriu a janela do hall
Sentou no parapeito

Olhou pra baixo
Pensou na sua vida
chorou e fechou os olhos

Ficou de pé
Deu um passo a frente
e voou para longe
Saindo desse mundo para sempre

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Impressão

As vezes escrevo muito
me empolgo
gosto de ver o papel escrito
e ler o que eu penso

Podem ser pensamentos perdidos
ou bobagens tão íntimas
que não deveriam esar aqui

Enfim, o papel em branco me incomoda
e a falta de pensamentos
também não penso na quantidade de leitores
visto que não escrevo best-sellers

Mas se ganhasse algum pra escrever
adaptaria meus temas
e falaria de tudo que se quer ler

Belas histórias de amor
pessoas felizes
uma vida em tecnicolor
no lugar da minha em cinza

Afinal a graça do negócio
é vender a alma e os sentimentos
por moedas de ouro
e valiosas contas bancárias

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Galo urbano

Tem um galo aqui perto
que faz eu me sentir na roça
canta alto, querendo acordar o mundo

Mas o galo da cidade
está com os horários trocados
e canta agora, meia noite
culpa dessa vida louca e corrida

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Escape

De uns tempos pra cá
decidi falar de coisas aleatórias
e porque não coisas alegres
pra tentar afastar sentimentos ruins

Só serviu como esconderijo
abafando o que eu sentia de verdade
e como se eu fosse Pompeia
vem como o Vesuvio
Invadindo simplesmente
e soterrando o que encontra

Yusulicaño

Yusulicaño é o nada
algo que não existe
uam palavra gerada em computador

Mas se eu posso ler
Como ela não existe ?
passou a partir de agora
a existir no mundo real

Virou filosofia em si
representação existente do que não existe
um novo nome pra Deus

Bebados discutirão em bares
filósfos em congressos
Livros serão vendidos
tentando explicar o yusulicañismo

Está inaugurada a filosofia do Século XXI
não pretendo explicar nada
esse texto abandona a falsa modéstia
pra entrar pra história

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Martelos

Martelos trabalham na casa ao lado
Meu irmão ouve som alto
Toca o telefone
Dormir de tarde é um desafio

Agora sim o silêncio total
só o ventilador girando
e o canto dos pássaros
embaixo do telhado

Então ela entra no quarto
acena pra mim
e dá um beijo de boa noite

martelos voltam a trabalhar
e meu irmão faz barulho
Acho que dormi

O relógio da cozinha

O ponteiro do relógio da cozinha
faz barulho pra andar
cada estalo é um segundo
de vida que se vai

Talvez seja proposital
pra mostrar o poder dele
não posso mexer nem tirar a pilha
seria apenas me enganar
o tic-tac está no meu cérebro

Maldito relógio
o que é preciso
pra te fazer voltar
queria corrigir erros
seguidos erros da minha vida
que me transformaram no que sou

Mas sozinho aqui embaixo
nesse silêncio mortal
quebrado pelo ponteiro
o barulho dos segundos
escorrendo pelo relógio
me trazem angústia

Além de ainda sereu mesmo
ainda perdi segundos preciosos
sem conseguir mudar nada

domingo, 10 de outubro de 2010

Pedaços

de textos abortados aqui e acolá, que iriam pro lixo


Passaros que voam
calmos num dia ensolarado
como pontos pretos no céu

e tão lives que são
somem lentamente no céu

venho por meio dessa
contar minhas alegrias
e mesmo que você não peça
saiba o que melhora meus dias

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Morrenasce

O saco da vida
fica ao lado do saco da morte
Quando nascemos
e começa cheio
o próspero saco da vida

mas no momento de nascer
a primeira moeda muda de saco
ali é o começo do fim

Então as moedas vão mudando de saco
inexoravelmente
pois nascer é o estopim
da contagem regressiva da morte

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Lembranças de infância

Noite de verão
viagem de carro
estradas escuras
pequenas vilas na beira

silêncio da viagem
cortado pelo rádio
meu irmão pequeno
dormindo do lado

o som é Djavan
que meus pais tanto gostam
e aquele vento
que dá vontade de dormir

Lembranças de infância
que não se repetem mais

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sonhos

Falar sobre os sonhos
pode ser uma tentativa frustrante
as vezes eles desaparecem
Dramaticamente quando a manhã chega

O inconsciente trata de apagar
Certas coisas estranhas
que convenientemente deveriam ficar escondidas

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dada

Culto ao absurdo
viva o bizarro do mundo
Dadaísmo é crime de estado
Tristan Tzara ficaria decepcionado

PObre gente
de mente limitada
que não entende a poesia
de recortes de jornal
colados aleatoriamente no papel

De um filme de Buñuel
que não faz nenhum sentido
pra mentes que querem tudo pronto e na hora

Eu também não faço sentido
não me entendo
ninguém me entende

Esse texto também não faz
não tente compreender
ou morra tentando

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Guerra silenciosa

Liga a rádio, muda a estação
Não toca o tal de rock'n'roll
Outro escrito de madrugada
Só pra dar uma variada

Já são 3 da manhã
mas quero escrever algo
Um texto de verdade
não esse ruim

A inspiração some durante o dia
e se revela quando o Sol cai
e as pessoas dormem

O primeiro bocejo vem
o sono começa a ganhar lentamente a guerra
a rádio toca Jota Quest
é hora de dormir, de fato

Tarde cinza

Então ela foi embora
assim de repente
tão de repente quanto surgiu
numa tarde cinzenta e triste

E sem dar explicação
e sem nem dar adeus
foi viver outra vida
e deixá-lo solitário

Mas ele estava mais que acostumado
a viver só

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Silêncio da madrugada

No silêncio da madrugada
o mundo faz barulhos estranhos
Sons bizarros da casa de trás
cortados pelas palmeiras ao vento

Grito de desespero
será o crime ?
Depois percebo
era a TV
bah

Sábado cinza

Era um sábado cinza
Uma chuva fina caía melancolicamente
O mundo reagia de forma triste

Pouca gente estava presente
seus poucos amigos o carregavam
era um peso mesmo depois de partir

Sua triste mãe não entendia
como tudo aconteceu
Parecia ser tão de repente

Mas ela estava muito ocupada
pra perceber algo
E como uma tragédia anunciada
ele partiu

Sua alma descansou

sábado, 18 de setembro de 2010

... us apart

Todas as circunstâncias da vida
nos manterão afastados
Casualidades fracassadas
coincidências milimetricamente erradas
Destinos opostos

Sei que não nasci pra você
E nem adiantaria te procurar na multidão
Porque nem te conheço

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ovni

Um ovni ronda a área
Seres de outro planeta descem no telhado do vizinho
Procuram vida inteligente
Aceno de cá
Me ignoram

Ouvem o cachorro da casa ao lado
Ficam maravilhados
Parece que estão conversando
Levam o animal com eles
Me deixam com o silêncio agradável da madrugada

Decidem ir embora
noto um aceno quase imperceptível pra cá
Sorrindo, agradecendo o favor.

Somos amigos
imagino

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Versos soltos

Uma angústia estranha aperta meu peito
Nessa noite chuvosa e triste
e não quero perder tempo pensando em métrica e rimas
Sob risco de perder o que passa agora pela cabeça

Verso feito de sopetão
Olhando a chuva cair
Tocava Joy Division
E outras coisas sem importância aconteciam ao mesmo tempo

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Outro

Voando longe num vento forte
Pombos e leões marinhos
por um vórtex atrás das nuvens
num cano de descarga cinzento

O poeta da tarde ensolarada
vê o mundo através da janela
de pessoas apressadas
da vida da modernidade

Propaganda política nas ruas
muitos outdoors coloridos
publicidade a toda parte
excesso de informação

Sobre o que é válido escrever
Sobre o que se pretende ler ?
Cartas de amor pra ninguém
críticas sociais pra alguém

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Um texto qualquer

Quando eu deitava na cama
e pensava na triste vida
onde estava Deus ?

Quando eu chorava
e lamentava ter nascido
E todo esse tempo desperdiçado
e precisava de uma força maior
onde ele estava ?

Que me abandonou na terra
cego à sua onisciência
perdido nesse mundo grande
povoado por pessoas grandes

Longe da sua onipresença
exilado num inferno ou purgatório
onde só é permitido sofrer
e a eutanásia é um sonho distante

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Algum

Um livro mofado
Janelas abertas
ventilador ligado
Correndo a madrugada

Ah, o doce peso da rotina
As madrugadas passam iguais
eu, sozinho na minha cama
pensando no que é minha vida
e sonhando com o que poderia ser

Me pego pensando longe
esquecendo do livro
esquecendo do caderno
em mil divagações

Converso com a caneta
com a capa do livro
e falo pra janela
Só não falo sozinho
Que é coisa de louco

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Um caderno, uma anciã e pensamentos antigos

Meu caderno de poemas
è velho e anda na mochila
não tem nenhum luxo
o meu caderno de poemas

Espero o tempo passar
devagar na tarde infinita
Escrevo um verso simples
Como esse caderno

Meninas jovens andam na rua
com seus jovens namorados
Uma velhinha passa do lado
Recordando sua juventude

Na sua época, lembra
namorados entregavam flores
Namoravam na porta
e tinham que pedir a papai

Bons tempos, ela diria
meninas brincavam de boneca
e não se preocupavam cedo
em criar seus filhos

Voltemos ao presente
Nosso tempo é esse
o passado conservado está
Em fotos amareladas e mofadas

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A origem dos séculos

Eu invejo Brás Cubas
e quero ser um defunto autor
Daqueles que levantam das tumbas
sem fome, sem dor

Setenta virgens espero no céu
Um violão bonito e afinado
A inocência das meninas sem pecado
E não a sujeira do bordel

Ver o tempo passar bem a vontade
longe das ameaças e perigos
E sem o peso da responsabilidade
olhar por todos os amigos

O bem deles sempre peço
E com Deus ao meu lado
pedirei com mais cuidado
Porque os amo, confesso

II

Como um anônimo desbravador
Corro pela linha da história
Saboreio cada momento, cada glória
para inveja do historiador

Desde a queda da bastilha
Um sans-cullotte avança
O rei e sua família
Tentam fugir da França

A altivez de Napoleão
num verso simples, cru
do herói de uma nação
ao herói de Waterloo

Estiveram nas tabernas todo dia
Os poetas que morreram cedo
E ao partirem sem nenhum medo
São minha inspiração na poesia

O soldado que estava por casar
teve seu plano arruinado
Foi convocado
porque sabia atirar

Não se preocupe, amor
Eu ainda volto pra ti
E numa árvore ele riscou
Ich liebe Dich

Morreu longe da sua terra
como prisioneiro de guerra
perdeu a vida que sempre quis
pela honra de seu país

domingo, 29 de agosto de 2010

Carbolitium

Tô triste, tô feliz
Tô triste, tô feliz

Quero sair na rua
abraçar o mundo
E logo quero meu quarto, solitário

O dia claro e bonito
vira a noite escura
o ceu tranquilo e sereno
transforma-se na tempestade raivosa

Quero viver 100 anos
criar os filhos
mimar os netos
Morrer serenamente numa casa de campo
ao lado da velha companheira

Morrer violentamente
enforcado no próprio quarto
Engrossando as estatísticas de suicídios
entre jovens de grandes cidades

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Pequeno texto

Se começo a escrever
me empolgo
O texto surge rápido
Na mente ociosa

É de tarde
estou no ônibus
a janela aberta traz
o vento agradável da tarde

Agora não chove
mas choveu mais cedo
perto de uma favela
prédios de luxo são construídos
A cidade cresce
como um canteiro de obras

Não vai demorar muito
pra destruirem o resto de floresta
e o caminho pra casa virar uma floresta de concreto
poluída e barulhenta

Assim estão as coisas
na capital da Bahia
um foi assassinado
outro executado
assim passou na TV
bem na hora do almoço

domingo, 15 de agosto de 2010

Mais um soneto

Posso ver pela janela
Là forá há uma tempestade
Mas no fundo a verdade
é que estou pensando nela

Lá fora faz frio
e aqui me sinto sozinho
Sem que nenhum carinho
Venha esquentar meu coração vazio

Numa folha sem sentimentos
Uma tinta preta
Vai dando forma aos lamentos

Portando apenas uma caneta
escrevendo seus sofrimentos
que ficarão esquecidos numa gaveta

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Versos perdidos numa madrugada qualquer

O céu está tão claro
Que a madrugada parece dia
O vento que bate na palmeira
é o mesmo que balança a minha bandeira

Mas de repente
tudo mudou
O tempo fechou
Começou a chover

A julgar pela indecisão
Eles estão brigando lá em cima
eles que se resolvam
eu só quero dormir

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Licença

Se eu tenho licença poética
Então posso rimar
Dilema com pobrema
Ninguém pode me criticar

Posso até misturar idiomas, ¿ no puedo ?
Yes, i can
Excuse moi, sunt eu un poet

Posso me dar ao luxo
de não seguir nenhuma métrica
E escrever um verso tão grande quanto esse só pra cansar o leitor
Continuando com outro tão grande quanto, sem chegar a nenhuma conclusão

Posso rimar versos
e fazer um poema musicado
mas também posso escrever
sem rimar porra nenhuma

Essa tal licença poética
transforma o cara no Deus da escrita
passando por cima das leis
do idioma de Camões
pobre Camões

Nem um ditador tem tanto poder
Quanto o humilde poeta
Com seu papel e caneta
ele não assina leis
e nem precisa
tem licença poética
pra falar de tudo
e fazer tudo
como quiser

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Janela

Chove na rua
chuva fina e melancólica
Daquelas que batem de leve
no vidro da janela
E a gente pensa longe

Crianças saindo da escola
Sinto vontade de ser criança
de viver sem preocupação
e sem nada que me faça infeliz

Se eu pudesse voltar no tempo
Acho que faria tudo diferente
Porque ser eu não tem graça
E é muito frustrante

Mas como diz o poeta
tenho 20 anos e estou morrendo
de desgosto, de tristeza
por ter que acordar e levantar
e viver minha vida medíocre

Porque o relógio não pode correr
E passar um ano a cada noite que eu durmo

domingo, 1 de agosto de 2010

Poema sem título

Um buraco profundo
Sem saída
Uma noite eterna
Assim está minha vida

E não sei o que faço
Não sei o que quero
Se tenho força ou vontade
Pra sair daqui

Talvez fosse melhor
acabar tudo de uma vez
Aproveitar a noite eterna
e dormir para sempre

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sugestão

Estava pensando em algo
se deveria escrever
O poema estava pronto na cabeça
mas não deveria ser escrito

Muitas vezes me censuro
pra não parecer tão ridículo
E também não me convém
Escrever com lágrimas nos olhos

Se queres rir de mim
sugiro que o faça no inferno
quando nos encontrarmos

Se quer me ridicularizar
Que faça sobre minha tumba
Numa tarde chuvosa e fria
Sozinho no cemitério

Não tenha pena
sozinho vim e sozinho vou
Só diga que sinto saudade de minha mãe
que sempre me amou

Não deixarei saudades
pois sempre fui invisível onde passei
nunca fiz nenhuma falta
e pretendo continuar assim

Como o Sol que nasce e se põe
de forma natural
Não quero que nada se altere
Com minha partida
que seja como um vento frio
que passa de repente
Dura um segundo
e some indferente no cosmos

terça-feira, 13 de julho de 2010

Sonho

Eu tenho um sonho
mentira, nem tenho

Tá, talvez eu tenha
escondido no fundo da alma
Bem íntimo, quase oculto
E sem porque se manifestar

Mas em madrugadas chuvosas
como essa
Quando estou dormindo
O sonho surge da alma
e me pega desprevinido

Acordo assustado
e vejo com pesar
que estou no meu quarto
Não é mais hora de sonhar

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Mais uma madrugada

Madrugada no meu quarto
Sozinho pensando
chuva lá fora

Já que estou só
Melhor não estar sóbrio
E bebo uma cerveja
Companheira da solidão

Com o violão
caneta e bloco do lado
Ah ! se eu soubesse
e fosse um grande músico

Pra criar canções
Que todos soubessem
tudo o que eu sinto
e tudo que eu penso

Mas agora vou dormir
Sonhar com alguém que não existe
E que não se importa comigo

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Desconexão

Escrevendo com sono
a mente liga coisas sem sentido
O cansaço mental
Provoca o dadaismo involuntário

Vale um refrigerante
tá na ficha no classificador
O celular não toca
cabou

OUço vozes
acho que é o sono
Alguém tenta falar
mas não tenho paciência agora

Tabela da copa
farmácia do bairro
Quero um dorflex
e um lexotan se possível
Dramin não

Vende-se 3/4 e sala
as vozes continuam
maldito sono

Amanhã não lembrarei
de nada escrito aqui
Maldita letra horrível
Maldito seja eu

domingo, 13 de junho de 2010

Pequenas angústias de um pequeno homem

Nunca mais escrevi
Estou em dívida comigo, assumo
Mas a poesia não tem me visitado
Tenho estado solitário

A quem interessa
minhas dores e derrotas
consecutivas decepções
Consumindo dia após dia

Escrever sempre me faz lembrar
Quão frustrante é viver
e no final das contas
a culpa disso é só minha

A menina de cabelo vermelho
Evaporou e sumiu
A de tênis branco
está longe, onde não sei
A bailarina
foi com o vento

Se sumir é tão fácil
Eu queria a receita
para ir também

Olho pro lado e estou só
Se todos os dias são assim
Porque me surpreendo com a rotina ?

domingo, 6 de junho de 2010

O Quarto

Enconstado no canto
está o violão
Seis cordas de nylon
e desafinado

Livros e papéis
espalhados em cadeiras
uma desordem
muito organizada

O armário velho
atacado pelos cupins
Com as portas abertas
e a coleção de camisas

O calendário do ano
da fábrica de jurubeba
Tem os dias passados
devidamente riscados

Pra sempre lembrar
que cada dia que passa
é um a menos
e assim vamos

Janelas fechadas
o quarto abafado
calor cortado
por um ventilador

Uma sensação ruim
de que nada acontece
Pois estou sempre aqui
só com meus pensamentos

porque decidi falar sobre meu quarto ?
sei lá

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Cafeína e pensamentos

Na noite passada
não consegui dormir
Culpa da cafeína

Fiquei pensando em certos poemas
que escrevo pra ninguém
que se perderão no ar
Na dureza do espaço-tempo

Minha musa é a solidão
Essa sim não me abandona
Vem me fazer companhia
Em todas as madrugadas frias

Minha companheira é a amargura
nas longas tardes vermelhas
E nas belas noites estreladas

Quando ando por aí
Com o pensamento longe
estou com a tristeza
Possesisva e intensa

E que a lua abençõe
Os meus três amores
Solidão, amargura e tristeza

Amém !

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Aqui

Quero ir embora daqui
Muito rápido
pra ontem
Cortar as amarras da vida

mas não o aqui físico
que se estuda em geografia
Cuzco ou Buenos Aires
não quero nenhum aqui

Quero sim um não-lugar
Livre de todos os aquis
Onde eu possa ficar em paz
E simplesmente não existir

Especial diz o ônibus
apagado, solitário
Será por essa razão
Que dizem que sou especial

É Sexta-Feira
O bar está cheio
e a igreja vazia
Sinal das escolhas dos filhos de Deus

Vale mais a pena
pagar a cerveja
do que o dízimo
que o pastor cobra

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Bairro, poesia e Sol

Na ladeira que o ônibus desce
Meninas compram sorvete
Um coroa corta o cabelo
E a tia vai na lan House

Os meninos que voltam da escola
A tia do café na porta
A dona da lanchonete
E o cara que tá lndo meu texto

Esses versos não querem dizer nada
Estou numa falta de criatividade
E me obriguei a escrever algo
Pra sair algo bom

Admiro o poeta
Que repara os mínimos detalhes
E consegue falar tão magicamente sobre eles
Eu não consigo

O vento que entar pela janela
O Sol de fim de tarde
Cansado do expediente
Querendo ir embora

Quando chegar em casa
Não encontrará sua Lua
Não sou tão importante como o Sol
mas sei o que ele sente

terça-feira, 18 de maio de 2010

Soneto Aleatório

Um soneto sobre nada importante
Sem ligação com o real
Como uma manada de elefantes
Parada esperando o sinal

No trânsito caótico urbano
O caipira não passa aborrecimento
Monta no seu pé-de-pano
E escapa do engarrafamento

Se eu disser que ouço estrelas
Me chamarão de louco
E só é possível vê-las

Mas vá ao mundo das quimeras
Se esforce um pouco
E poderá falar com elas

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sentido

O sentido da vida
não é rimar poesias
Nem viver de falsas alegrias
Uma sensação perdida

Ao inferno com tudo isso
A vida não faz sentido algum
Nascemos com data pra partir
E vamos sem deixar notícias

A menos que se coma a ambrosia
da sonhada vida eterna

terça-feira, 11 de maio de 2010

Nyx

Atmosfera Sombria
Ninguém na avenida
A cidade dormia
Sentiu-se só na vida

Tocou uma nota qualquer
Um fá ou si bemol
Chegou Apolo com o Sol
Sonhava com uma mulher

Horas antes da alvorada
SOnhava com sua amada
Acordou risonho
Do seu belo sonho

Concluiu Quando acordou
Que nem mesmo na natureza
Existia mais beleza
Do que no rosto que amou

II

Nao pode como Icaro, voar
Conformado com o sofrimento
E lembrando por um momento
Que é condenado a amar

Pois tem alma de criança
E mesmo naquela hora
Da maldita caixa de Pandora
Não perdeu a esperança

Pra terminar esse poema
Apagando as luzes da cidade
Não tenho como fazê-lo, verdade
Eis aí o meu dilema

Dormir na companhia da lua
e perder a inspiração
ou escrever de coração
e dormir com o Sol na rua

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Assim Seja

O que escreve esses versos
Não escolheu nascer
E se tivesse essa oportunidade
Queria ter sido abortado
Para ir pro paraíso
Sem o desgosto de viver

No paraíso é sempre um belo dia
Bela paisagem e pessoas felizes
E nunca, nunca se está só

II

Vida desgraçada
Se arrasta como a areia
Se arrasta na ampulheta
Devagar, mas chegando
ao seu destino inexorável

Espero com paciência
Que a areia escorra
Nessa tortura lenta
Dia após dia

Deus não teve pena de minh'alma
Ao me traze aqui pra sofrer
E com seu jeito sádico
Deve estar rindo de mim

III
Quanta amargura se esconde
Atrás do meu sorriso amarelo
Se sempre quero chorar
Quando disfarço e sorrio

domingo, 2 de maio de 2010

Fim...

A cada dia que passa
Risco no calendário
Como a contar o tempo
Pra sair dessa prisão

Grades feitas por mim mesmo
Numa existência medíocre
Não culpo nada nem ninguém
Pelo meu pobre eu

Escrevo porque espero
Não acordar amanhã
E caso alguém entre no quarto
verá isso escrito ao meu lado
Sábera o que eu sinto
já que nunca se interessaram

Podem ignorar e jogar fora
Mas não me importa mais
Fico feliz em deixar algo escrito
Que não seja uma melosa despedida

sábado, 1 de maio de 2010

Soneto sobre algo

Já que sonhar é de graça
Eu abuso do direito
Sem que eu nada faça
Sem alegria em meu peito

De madrugada alguém chora
E não é mera ilusão
Nessa silenciosa hora
POde-se ouvir o coração

Sofre, pobre alma
Sabes que logo vai partir
Espera, tenha calma

E se desistiu da esperança
Cansou de sorrir
Pois perdeu o espírito de criança

domingo, 25 de abril de 2010

Trechos curtos

ou Pequenos textos que não seriam uma poesia se estivessem separados

Icaro pulou do prédio
mas como tinha asas de cera
Voou por cima da cidade

Ao descer, foi parado pelo guarda
Não tinha habilitação pra voar
Então perdeu as asas

A chuva na rua
Tem um lirismo próprio
Cada um no seu guarda chuva
cidade cheia de pessoas solitárias

No ônibus cheio ninguém se conhece
e todos tem pressa
E quanto mais gente, mais só você está
coisas da cidade grande

Em cima da minha cabeceira
Tem um mapa como poster
e outro a ser colado

Quero ver um poeta
Desses clássicos e bons
Encaixar sua métrica
e rimar com Liechtstein

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Mate-me por favor

Mate-me por favor
De forma rápida e indolor
para que o fim da vida
Seja curto que nem ela

Todas as tristezas de uma existência
Sumindo rápido que nem vapor
E como se nada tivesse acontecido
O Sol siga brilhando

Nesse segundo de agonia
que meus amigos estejam ocupados
Para que nem se incomodem
com minha partida

A minha ausência
Não será sentida
Porque minha simplória presença
Nunca foi notada

Sinto que já vou tarde
Faço hora extra na vida
Mate-me por favor
De forma rápida e indolor

sábado, 17 de abril de 2010

Desabafo

O vinho está no copo
E nossas amadas longe
Excuse moi
Esse verso começou errado

As antigas tabernas
são nossas festas
Onde sempre se está ébrio
Pra esquecer que está só

E assim dia a pós dia
Copo após copo
morrendo por dentro
consumido pelas tristezas

E o nosso figado
companheiro de solidão
Se por acaso sofre
Nâo menos sofre o coração

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Mea Culpa

Toda noite escrevo versos
Que nunca chegam ao fim
Nascem bons mas se revelam
Não serem tão bons assim

Se entre o pensar da mente e o riscar da caneta
A idéia se perdeu
Melhor então que morra
verso que nunca foi meu

A culpa é de quem escreve
Ora, as palavras estão ai
esperando serem escritas

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sonho

Ontem sonhei que era criança
Não foi um fato banal
E tive a sincera esperança
De que fosse real

Hoje sonhei que era feliz
O tempo não passava
E uma doce menina me abraçava
mnas assim Deus não quis

Acordei e era verdade
Na minha cama fria
E de volta à triste realidade
Cá estamos pra mais um dia

terça-feira, 13 de abril de 2010

Página em Branco

A folha em branco
é um chamado
Um aviso sutil
De que algo deve ser escrito

Minhas amarguras enchem a página
Numa torrente
Como um rio de lágrimas
ou de sangue

Tímido
Me saio melhor escrevendo
Extremamente deprimido
O mal do nosso século

Microconto

Tá chovendo.

sábado, 10 de abril de 2010

Eu

Meus versos não são tão bonitos
Quanto os do poeta
Não tenho a lira de orfeu
nem suas belas donzelas

Sou antes versos simplórios
Que seguem só um fluxo de consciência
Não tenho a genialidade, a fluência
Dos colegas mais notórios

O Icaro da mitologia
morreu por sonhar alto demais
Pois ser feliz não é permitido
a todos os mortais

Chuva e Frio

Tanto raio no céu
Que a noite vira dia
Tanta chuva e faz frio
um convite à introspecção

Escrever num quarto escuro
e ter a chuva como único som
no universo
naquele momento

Desde criança eu gosto
de dormir com esse barulho
Ajuda a sonhar mais longe
E como é bom sonhar.

Veja meus versos
peço desculpa pela simplicidade
Pela falta de rima
e de métrica adequada

E se ele não é tão divertido
nem fala de amor
NOvamente peço desculpas

É que sou muito amargurado
pra falar de algo tão nobre

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Monotonia

Saio da vida pra entrar na história
Pensei em começar um verso simples
Usando essa frase famosa
pra me despedir de todos que amo

Mas cheguei à conclusão
de que nem fui digno de entrar pra história
E nem posso dizer propriamente que que vivi

A carta despedida continua existindo
Mas a frase terá que ser outra

terça-feira, 6 de abril de 2010

Uma noite pela janela do meu quarto

O céu que estava fechado
De repente ficou limpo
E a chuva se foi

A lua aparece escondida
tímida
atrás de algumas nuvens
São Jorge continua lá
e seu dragão também

na rua de trás
é um samba
uma festa

Nesse quarto
só minha mente faz barulho
exigindo que eu fique triste
mais uma noite

É mais forte do que eu
e essa noite
durmo esperando
não acordar pela manhã

segunda-feira, 29 de março de 2010

Soneto

O calor que faz de dia
Um longínquo pensamento
Uma perdida alegria
Momentâneo sentimento

Um barulho na televisão
Me parece só um ruído
Uma dor no coração
Um espírito distraído

Pensando sobre a vida
Que acabou de começar
Com uma felicidade fingida

Um soneto triste
De uma vida que quer acabar
E um corpo inútil que resiste

terça-feira, 23 de março de 2010

Ernesto...

Ernesto era só um garoto
Não tinha pai
Que o abandonou na infância
Sua mãe é alcoólatra
Sua avó morreu louca


Ele próprio tentou se matar
Duas vezes
Na primeira o veneno não foi absorvido
na segunda a corda partiu



Era ridicularizado no trabalho
De balconista de bar
Por causa da sua pobre mãe



Sua única namorada
Disse que ele era um amor de pessoa
Um menino bacana
Mas sumiu no mundo com um colega de sala
Ernesto nunca mais a viu
E nunca entendeu o que aconteceu



Ao chegar em casa ele tomava banho
Comia algo
Pegava uma cerveja
Quando sua mãe deixava alguma
E ligava a TV



Mas não via nada
A caixa só fazia som de fundo para os seus sonhos
Onde ele era feliz
E sua mãe não chegava em casa cheirando a álcool
Se batendo nos móveis
E dormindo no chão
Abraçada a uma garrafa de conhaque



Ernesto sabia
Que sua vida só seria pior
Dia a pós dia
Até o final



No dia seguinte, na escola
Ernesto viu sua chance de mudar
Seu colega de sala, que era do partido
Estava recrutando pessoal para lutar na Nicarágua
Pela revolução
Ernesto achou que era seu destino
Afinal fora batizado assim por conta do argentino famoso
E deveria seguir os mesmos passos.

Decidiu se alistar
E viajou escondido
Ninguém ficou sabendo
E nem notaram sua ausência
Era a chance de recomeçar
Não sabia nem pegar numa arma
Mas foi bem no treino em Cuba
Seria atirador


Chegou na Nicarágua escondido
De barco
Exatamente como o Che fez em Cuba



Na primeira troca de tiros
Matou um soldado
Achou que aquilo não era pra ele



No segundo dia
Conheceu Juanita
Estudante chilena de medicina
Voluntária que nem ele



Foi paixão a primeira vista
Por parte dos dois
Em duas semanas
Eram como velhos namorados
E Juanita disse que estava grávida
Ernesto se sentiu feliz
Como nunca antes na vida



Alguns dias depois
Juanita morreu em combate
Uma parte dele foi junto

Ernesto desertou
E voltou para o Brasil
Queria esquecer tudo o que passou

Quando voltou pra casa
não tinha mais casa
Sua mãe vendeu e se matou
Desesperada com o sumiço do filho

Ernesto decidiu visitar um amigo psiquiatra
Entrou no elevador
e apertou o 18º andar

Ao chegar lá em cima
percebeu que não seria igual ao Che na vida
Mas seria na morte
como todos nós

Abriu uma janela
Na varanda do prédio
E pulou de lá

quinta-feira, 18 de março de 2010

Um desabafo

Andando vou
Todos os dias
Sempre sozinho
Sonhando com um dia melhor
Que nunca chegará

Na cidade grande
Ruas cheias
Sinto a solidão
Como um buraco
Me puxando para o fundo

Me sinto decadente enquanto pessoa
Deprimido e frustrado
Com poucas alegrias etílicas
Que corroem meu organismo

Se fico por algo que nunca aconteceu
Ou só por simplesmente vê-la
Não é culpa sua
E talvez não seja minha

Se escrevo esse em primeira pessoa
É porque quero registrar e desabafar

Se alguém me ouvir
Já fico feliz
Porque Deus nunca me ouviu
Me largou na Terra


Se eu escrevo textos positivos
É porque quero fingir que sou feliz
Faço isso pelas pessoas
Que querem me ver feliz

Esse texto ainda que pequeno
Pode ser uma carta despedida
Ou pelo menos um esboço dela
Se lido num momento oportuno

Sou um nome escrito na areia da praia
Logo uma maré vem e apaga para sempre
Qualquer pálida lembrança

segunda-feira, 15 de março de 2010

Céu de Março

Numa noite qualquer de Março
o céu estava etsrelado
e bonito como nunca mais esteve

Na mesma noite quente de março
eu olhava as estrelas
e pensava longe
a anos-luz de distancia do meu quarto azul

Sonhava em ser outra pessoa
e ter uma outra vida
Acho que eu merecia isso
começar do zero
pra acertar em alguma coisa

domingo, 14 de março de 2010

Diário de um usuário

(de ônibus)

I

Tarde Quente
Como as outras
Na janela do ônibus
Passam pessoas

Os buracos na pista atrapalham
só consigo escrever quando o buzu para
Que venha o ponto
Veio o vendedor de dvd

A tia do lado pega dois dvd's
e tenta ler o que eu escrevo

O vendedor fala de aquecimento global
do apocalipse
e quer dar aula de geografia

Mostrou um album de fotos
de cobras
odeio cobra
não comprei
ele desceu

II

Bairro pobre
Alunos na rua
Quadra vazia
Dois coroas ainda falam das cobras
Velho chato é muito chato
Toda hora repete a mesma coisa
Bem que ele poderia descer
E me deixar no silêncio

III

Rua esburacada
Rasurei o texto
Tá foda o asfalto da cidade

Acabei de notar
Que eu como filho dessa cidade
Nunca falei dessa velha mãe
Que nos trata tão mal

Estou em falta
mas não pago hoje
a caneta tá falhando

IV

Andar em Salvador é ver prédios
favelas crescendo
e prédios sendo construídos

Carros, muitos carros
e onibus
no plural

Me perco nos escritos
e sonho com alguém que não existe
A caneta resolveu funcionar

Melancolicamente termina esse texto
Com o ônibus chegando no final de linha
e tudo termina assim

quinta-feira, 4 de março de 2010

Tiso

Palestra sobre Getulismo numa república do PCO (ia rolar churrasco depois)
Rui Pimenta diz "boa noite"
Uma amiga bêbada não para de rir.
Ele tenta de novo
Ela ri de novo
Vinte minutos disso

Ninguém do Partido faz nada a respeito
Surreal


Ps: O texto não é meu, mas um camarada postou no orkut essa história interessante, resolvi postar aqui. O título é o nome do autor de verdade :D

quarta-feira, 3 de março de 2010

O suicídio do Sol

(Ou um auto questionamento camuflado numa metáfora triste)

¿ Poderia o Sol se por
Antes da hora ideal
E se ele resolvesse
Simplesmente querer partir ?

Se o nosso astro julgasse
Que não tem mais importância aqui
OS homens tem sua própria luz
O mundo tem sua luz

Sendo culpado pelo calor
O astro-rei decide se despedir
E pula num buraco negro
Deixando uma triste carta despedida
Para sua amiga Lua

Será que sentiram a falta dele
Depois de alguns dias
Sem calor nas ruas

E se o Rei Sol
Pudesse voltar e ver a reação
De todo mundo sem Sol
O que ele mais queria

Ficaria feliz em notar
Que as pessoas ficaram mais felizes
COm menos calor

OU triste em notar
Que as pessoas nem se importaram
Com sua falta

terça-feira, 2 de março de 2010

La mia tintarella di Luna

A alma cansada pede
Uma viagem ao mundo dos sonhos
Onde tudo é bom
Onde é possível ser feliz

A menina dança alegre
O Sol Azul brilha
E uma chuva alegre cai
Ao mesmo tempo

Um banho de chuva
A menina de cabelos vermelhos como companhia
A lua da madrugada como testemunha.

Um escrito

Quero asas pra voar
Pra fora da sala sufocante
Como um novo voo de Icaro
Ir pra qualquer lugar
Já conformado com as asas derretendo

Aproveitando o Sol de verão
Ir caindo bem devagar
Enquanto o chão te espera, desafiador

Uma nova perspectiva o anima
E como do chão ele não passa
E hora de deixar uma marca
Levantar
E seguir em frente

Olhar pra trás é perda de tempo
Contar as feridas da alma é impossível
Ele está entre nós
Enquanto suas asas novas não chegam

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Um escrito platônico pra ser guardado

De longe da pra ver
Seus cabelos vermelhos
E seu jeito alternativo

Ela está no ponto
esperando o ônibus
Sua camisa de banda e seus oculos escuros
Combinam perfeitamente

E lá está ela

Nosso ônibus chega
E ela vai embora

Eu espero até o dia seguinte
Onde esse breve escrito recomeça
E assim durante toda a semana

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Sem Título III

A volta à rotina
É a volta ao eterno desânimo
E o contínuo pensamento em desistir

Onde estão os ET's
Que abduziam as pessoas
Sumiram, saíram de moda
Estou precisando de uma visita
Urgente
Quero ir pra um lugar melhor

Não quero lembrar
Que pertenci a esse mundo
Que vivi essa minha vida
Quando eu acordar em outra galáxia
Notarei com alegria
Que foi apenas um longo pesadelo

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Éolo

O vento é o ar em movimento
Essa rima é inútil
Mas queria começar rimando

Com esse calor desgraçado
Aqui próximo do Equador
Não é tão inutil que o ar se mova
Talvez por isso vim escrever na rede

Pegar ônibus me inspira a escrever
mas hoje eu saí apressado
Esqueci o bloco e a caneta em casa

Sento aqui com o violão
pensando em alguma canção
Mas se só uma eu sei tocar
Então pra que tanto pensar ?

Na verdade eu sei algumas
Mas a rima estava pronta assim
E deveria terminar ali
No auge

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Estação Cogumelo

Ponto vazio
uma tia gorda esperando
O que mais tem na ruas são essas tias

Hoje eu não perdi o buzu
mas tô com fome
Eu sempre dou azar com esse ônibus

Vento massa aqui na estação
carros passam e voltam
outros vão de novo
nunca mais os verei
ou não

A estação é colorida
espectros mágicos multi-coloridos
Um vórtex psicodélico
Os pombos voam loucamente, ou dançam ?
Motivados por algo lisérgico

A tia gorda se foi
o ácido acabou aqui
Eis que ela volta dançando, apoiada na muleta
Se agarrando com o policial

Surreal

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Escrevendo na Rede

I

Uma rede, um violão
Um dia de Sol e céu bem azul
Na vizinhança, nenhum barulho
Árvores dos lados e um vento agradável

Solitário, ele escreve
Olhando as aves voando
E cantando algum refrão
de alguma canção

Um bicho estranho tenta se aproximar
Talvez querendo contar algo
Pode ser o segredo da vida
Mas ele voava contra o vento
Foi um esforço inútil

Viver é um esforço inútil
E o segredo da vida é só pra aqueles
que vivem a favor do vento

II

Embaixo do telhado do meu vizinho
Protegidas do Sol estão dois pombos
Discutindo sobre algo relevante
Talvez economia ou futebol
Comendo e sujando a parede
Agora um voou pro telhado de cá
Provavelmente veio ler o que eu escrevia dele
Pombo Mal educado !

Foram embora os dois
Confabulando em outro lugar
E por isso esse texto tem que acabar aqui

III

Lá longe passa um avião
Passando como um ponto no céu
Mas e se ele cair de lá
E morrer todo mundo...

Eu por acaso seria testemunha
Ou cumplice de um crime sem culpado ?
Ele passou rápido
e foi embora
Fiquei menos preocupado
e menos culpado

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Robert Enke

Todos imaginam que somos felizes
Até que tomamos uma decisão
A de acabar com essa mentira
Que é nossa vida

E se guardamos as tristezas
É porque não nos entenderiam
Ou simplesmente ignorariam

Provavelmente sejamos loucos
Ou acomodados
Pessoas que não querem ser felizes
No nosso mundo extraordinário

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Três atos

I

Acho engraçado que chorem minha morte
Vocês que sempre riram da minha aparência feia
Ou da barba irregular e falhada
Vocês que riam da minha falta de jeito
Eu que fui apenas um cara legal
Daqueles que não é bom ficar por perto
Um pária, evitável

II

Vida desgraçada
Vou me afastando de você
Um pouco mais a cada dia

Para que possa ir embora
sem que seja notado
No fim da tarde, um poente
Sem deixar saudade

Não diga que sou importante
Por consolo ou falsidade
Sempre tive a noção clara
De minha irrelevância

III

As horas passam arrastando
Como a areia numa ampulheta
Os dias do calendário são iguais
Nem sei que dia é hoje

Sei que não quero um amanhã
Que tenha que chamar de hoje


Aqui morre um cara feio, triste e solitário

sábado, 16 de janeiro de 2010

R.I.P

Uma morte inesperada
Era uma pessoa mui amada
Morreu de que ?
Não se sabe

Está lá no caixão
Não é mais nada
E por acaso antes era algo ?

No seu enterro
Três pessoas
Curiosos

Seus parentes e amigos estavam ocupados
Ele morreu no dia errado
Ele nasceu no dia errado
Na verdade, toda a sua vida foi um grande erro

Sempre tímido
Vendo tudo como se estivesse de fora
De passagem
Tinha a exata noção de que ocupava espaço demais
Ainda que não fosse grande

Morreu numa madrugada silenciosa
Sozinho no quarto escuro
Evitou fazer barulho, sujeira e bagunça
Não queria ser um estorvo mais uma vez

Que recolhessem a sujeira e continuassem a vida
O que não seria difícil
Durante todo esse tempo
Foi como se nunca existisse
Sabia que nunca fez diferença

Seria uma nave

Sol, céu azul
Na TV uma propaganda do carnaval
Pra quem se acostumou a ficar sozinho
A Festa não existe

Uma nave num vórtice
Um piloto solitário
Voando na velocidade da luz
Pra fugir
Pra bem longe
Pro mundo dos sonhos

domingo, 3 de janeiro de 2010

Breve relato de coisas variadas

Faltou Luz
Achei um bom momento pra escrever
É interessante escrever assim, porque nem eu leio
E o resultado final é surpresa até pra mim

Além disso, posso escrever pro céu chuvoso
Ele não está bonito, as estrelas sumiram, a lua também
Gosto dele assim
Sombrio, chuvoso, triste
O vento frio reforça a sensação

Meu irmão tá andando pela casa
Ele odeia falta de luz
Quando era mais novo ele tinha medo

Eu me pergunto, quem vai ler isso
A ninguém vai interessar minhas bobagens
Eu escrevo não pra me sentir melhor
Mas talvez pra me ver no texto
que obviamente é ruim

Desconheço métrica
Não possuo recurso conhecido pelos que vivem disso
Ou tentam, pelo menos
A letra ainda está mais feia que o normal, eu imagino

A animação e as expectativas de inicio de ano também me contagiaram
A diferença é que pra mim já passou
2010 está um saco
Não fosse ano de Copa, já seria digno pular da janela, ou se enforcar
Minhas alegrias sempre foram assim, externas e idependentes de mim
Sempre foram e sempre serão

Esse texto nasceu após uma amiga dizer que não queria ser impotunada no celular
Vim na janela tomar chuva e vento e a chuva apertou

A falta de energia foi inspiradora, mas já chega
No próximo reveillon espero não me animar, espero que não tenha reveillon

Esse texto é visivelmente sem nexo