(de ônibus)
I
Tarde Quente
Como as outras
Na janela do ônibus
Passam pessoas
Os buracos na pista atrapalham
só consigo escrever quando o buzu para
Que venha o ponto
Veio o vendedor de dvd
A tia do lado pega dois dvd's
e tenta ler o que eu escrevo
O vendedor fala de aquecimento global
do apocalipse
e quer dar aula de geografia
Mostrou um album de fotos
de cobras
odeio cobra
não comprei
ele desceu
II
Bairro pobre
Alunos na rua
Quadra vazia
Dois coroas ainda falam das cobras
Velho chato é muito chato
Toda hora repete a mesma coisa
Bem que ele poderia descer
E me deixar no silêncio
III
Rua esburacada
Rasurei o texto
Tá foda o asfalto da cidade
Acabei de notar
Que eu como filho dessa cidade
Nunca falei dessa velha mãe
Que nos trata tão mal
Estou em falta
mas não pago hoje
a caneta tá falhando
IV
Andar em Salvador é ver prédios
favelas crescendo
e prédios sendo construídos
Carros, muitos carros
e onibus
no plural
Me perco nos escritos
e sonho com alguém que não existe
A caneta resolveu funcionar
Melancolicamente termina esse texto
Com o ônibus chegando no final de linha
e tudo termina assim
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