segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Techaga'u

A noite não trouxe o frio
mas trouxe a melancolia
lembrou a esse coração vazio
o que foi esquecido de dia

deixo na folha do caderno
O que está no coração
De como virou um inverno
Esse meio de verão

E nessa de seguir a vida
acabo me torturando
fingindo esquecer a partida
mesmo ainda me lembrando

De repente choveu
E acabou esfriando
Alguém lá de cima me leu
E ficou chorando

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Nepore'y

Acordo de manhã cedo
Quase junto com o Sol
É real meu maior medo
Que estou de fato só

Apenas espero nessa espera inútil
Uma mensagem que não chegará
E como não tenho tempo útil
Passo o dia a esperar

Olhando pro teto, do meu colchão
Sinto o relógio se arrastar
Como companhia a solidão
A realidade a me açoitar

De tristeza Werther morreu
longe de sua Carlota
Nessa noite, sonhei eu
você entrando por essa porta

Os planos foram jogados fora
E o golpe doeu
senti quando fui embora
Algo no coração morreu

Kacharpayaña

E de repente os olhos deram adeus
Seguindo caminhos opostos
No fundo dos pensamentos meus
Momentos bons que foram nossos

Quis te fazer feliz
e te ver sorrir
Ficou uma cicatriz
Que demorará de encobrir

Me lembro o primeiro dia
que te vi, como fosse
a chegada da alegria
Que seu sorriso trouxe

Ficou de repente distante
Depois que meu mundo acabou
Daquele decisivo instante
tento juntar o que restou

Esse texto feito de lágrimas
de uma alma que está perdida
me resta uma última lástima
depois dessa despedida

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O recado

Ontem eu dormi mais feliz
porque vi um pedaço de papel
Ele dizia "amor, te amo"
Escrito com sua letra

Nem sempre as coisas vão bem
As vezes a sintonia é diferente
Pessoas são pessoas, bem sabemos
Nem todo dia dá vontade de sorrir

Mas ao ler sua letra
Nesse meu caderninho
Sei que não estou sozinho
Tenho seu abraço se precisar
Seu consolo de beijo e carinho

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O tema (ou a desilusão de poeta)


Existe algum tema especial
que merece ser escrito
E outro bastardo, coitado
Fique jogado de lado ?

Na irrelevancia de uma gaveta
de um arquivo empoerado
numa pasta de órgão público
que nunca será revirada

Lá vai morrer o tema proibido
O que ninguem quer ler
Triste, rejeitado - e veja
Porque ninguem gosta dele

II

Queria o tema ideal
Pra escrever um poema épico
que saísse que nem num cordel
Me fizesse famoso e respeitado

Escrever, qualquer um pode
Não há dom especial nisso
Uma caneta, um papel e foi
As vezes o verso sai por si

Quem escreve é a caneta
quem limita é o papel
quem dá a idéia é a inspiração
O poeta é execução técnica

Yo (Ideas sueltas)


Así me gusta escribir
sin ninguna obligación
ningun asunto, tampoco una rima
escribo lo que me gusta, cuando quiero

Puedo hablar de la ciudad
De cosas que quiero mucho
O simplemente hablas de vos
Y soñar en el papel

El silencio en la calle
El sonido de los pájaros
La ciudad que muere todo día
Que no me olvide quién soy

II

Se tenes la fuerza de un joven león
sabes muy bien que no se puede cambiar
por la tibiez de un millón
de gatitos a caminar

Solo escuche su corazón
porque la vida no tiene dueño
Algunas veces es simple ilusión
Y se va rápido como un sueño

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Metrópole


Outro dia de calor
Pessoas sem tempo a perder
Correm atrás do transporte
no cotidiano cruel da cidade

E de repente o tempo fechou
Mas as pessoas continuam a correr
Na cidade inundada é preciso sorte
Para fugir da calamidade

E todo dia a cidade para
Automoveis que tomam a rua
A paz é cada vez mais rara
Só há o ruído do progresso em sua face crua

Cidade Escura


Cortaram a luz da cidade
e foi aquele desespero
a rua ficou escura
tudo se apagou

Corre e pega uma vela
acende e liga a TV
Cadê a lâmpada, cade a luz ?
não há mais nada
bem-vindo aos tempos antigos

Sobra um céu de estrelas
o teto ideal dessa noite
iluminando idéias e guando sonhos
daqueles que tem tempo ainda
simplesmente para olhar pra cima

sábado, 10 de novembro de 2012

Primavera


Não tenho muita coisa
pouco dinheiro, nenhuma glória
nenhuma canção de amor
com rimas que toquem na rádio

Apenas escrevo um fim de tarde
Um por do Sol qualquer
de um dia de primavera
Um dia qualquer, marcante

Não pelo Sol, que sempre está lá
Nem pela primavera, que vem todo ano
Mas pela sua presença
Que trouxe as flores da primavera

domingo, 16 de setembro de 2012

Excertos

Quero amanhecer esse dia
deitado numa cama macia
com você dormindo ao meu lado
Relembrando coisas boas do passado
que não é tão distante
mas eternizam pequenos instantes

Vou passar a noite em claro
te abraçando, te amando
nessa cama pra uma pessoa
que cabem duas, tão naturalmente
parecendo feita para dois

Nem todo dia faz Sol
Alguns versos não rimam
nenhum sentimento se perde
Toda palavra se propaga

Eternamente desde que alguém ouça

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Aurea mediocritas


O por do Sol
Avenida movimentada
correm atrás dos ônibus
muitas pessoas apressadas

Outdoors tomam as calçadas
Servem pra dizer
quem eu devo ser
O que devo fazer

Nessa cultura que me julga
Pela marca que eu uso
Não quero ser ninguem
nesse jogo marcado e confuso

Quero andar nu no mundo
livre de qualquer julgmaento
esse desespero por dinheiro
é só um mau momento

sábado, 11 de agosto de 2012

Um latino


Hoje fui pra casa olhando o mar
Nessas águas que viram aquele genovês
Que foram a inspiração pra cantar
glórias do povo português

Pela ganancia de ouro e prata
Transformando o inca que era rei
Em escravo sem nada
Pobre índio a margem da lei

E me deixaram sem identidade
Se sou índio fui exterminado
Se sou negro fui arrastado de casa
Se sou europeu, me explorei e morri pobre

II


Latinos somos todos
de Ushuaia a Tijuana
Somos negros, somos cholos
Vivemos de café e de banana

Golpes militares passaram
Por interesses poderosos
Nossos herois mataram
Generais de ideais perigosos

Sobreviventes com cicatrizes eternas
Crucificando os irmãos mais pobres
carregando com nossas pernas
o peso do corpo dos nobres

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O rei dos ares


Do que foi rei de verdade
porque podia voar
tinha a liberdade
de não querer voltar

Não o prendia nenhum labirinto
voava como um aeroplano
Escapou desse touro faminto
que é o medo que devora o humano

Que destrói nossas virtudes
E o que estiver no caminho
São assim suas atitudes
É um vilão vil e mesquinho

Mas o herói das asas de cera
superou a figura do mal
sobrevoou todas as oliveiras
com coragem especial

Então o astro rei
se encheu de seu egoísmo
"Como alguém - quem não sei
Ousou fugir daquele abismo"

Nosso herói tão coitado
Que levava na bagagem um sonho
Ficou mudo, ficou calado
ao ver outro vilão medonho

O Sol, inimigo implacável
Destruiu seu sonho, sua alma
O jogu numa ilha miserável
E muito longe de casa

Pra que aprenda a não desafiar
as forças que regem tudo
que entre olhar e contestar
Ainda prefira ser mudo

sábado, 28 de julho de 2012

Alvorada


E um dia o dia não amanhece
na manhã que o Sol não nasce
que cena triste que parece
numa eterna noite - o tempo passe

Seus olhos seriam pra mim
como o nascer do dia
uma alvorada especial assim
seria minha maior alegria

Como um abraço, um beijo quente
Pra salvar desse mundo frio
e entao assim de repente
encha meu espírito vazio

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O sumiço


Devo dizer que ele anda sumido
O que lhe aconteceu
Será que não percebeu
E vaga por aí perdido

Uma semana de paz
Sem atitudes suspeitas
Suas ações eram perfeitas
não teremos mais ?

Nosso anti-herói cansou
não quer ser capa de revista
não pretende dar entrevista
não gosta desse show

terça-feira, 24 de julho de 2012

O homem do carro


Ele viu, ele viu
dentro do carro prata
e quando um botão abriu
lembrou de quem sente falta

Era uma noite quente
como sempre em Salvador
E aquele casal ardente
Excitava o observador

Procurava uma diversão
para sua noite de tédio
E encontrou aquela ação
logo ao lado do prédio

De repente foi embora
não sem apertar a buzina
nem podia perder a hora
nem queria sair na surdina

terça-feira, 10 de julho de 2012

Parte II - O vigia


Observa escondido no escuro
o que fazem do outro lado
Se encosta no seu muro
Aquele tipo fardado

Enxerga como um animal
calada e com atenção
tudo que faz o casal
sozinhos e sem repressão

O homem é muito curioso
Alguns o chamariam tarado
Sabe que o jogo é perigoso
E pode ser apanhado

Mas ele é autoridade
e pensa ter razão
quando a grande verdade
é que joga com a imaginação

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Enter...


Espera o homem suspeito
No seu carro popular
A hora e o momento perfeito
De poder se revelar

Apagado e com janelas fechadas
Na chuva fina ele segue aguardando
Não quer impressões erradas
Do famoso maníaco que vem atacando

Quem diria que o cidadão de bem
Vai na faculdade ser atacado
Pelo famoso maníaco tarado
E nunca contou a ninguem

terça-feira, 26 de junho de 2012

O poeta


O poeta não é comercial
sua rima não tem razão
o esforço não vale um real
melhor ser o funcionário padrão

Sonha quando é proibido
Quando o mundo precisa produzir
A caneta é tempo perdido
Quando não temos tempo pra sorrir

domingo, 20 de maio de 2012

A profissão


A profissão da alma é sonhar
do filósofo saber
Do motorista partir

A do poeta é amar
mas também escrever
e sempre sentir

Um sentimento profundo
na folha do papel
é como sem sair do mundo
chegar no céu

terça-feira, 24 de abril de 2012

Notas

Sou fruto de um erro
e não pedi pra nascer
Enquanto não vem meu enterro
sou obrigado a viver

toque um tango triste, vamos
nada digno de nota
por uma vida que arruinamos
com um rumo idiota

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Terça na cidade

José trabalha numa construção
Sobe prédios mas mora longe
Vai no ônibus lotado
entre horas de almoço e labuta
uma pinga e um cigarro

Volta pra casa no ônibus cheio
toma banho e janta
Assiste o jornal
toma um café e dorme

De manhã cedo recomeçará tudo
José sonha em ser herói
como nos quadrinhos
mas o despertador já tocou

II

Pedrinho é coroinha da igreja
e por isso se julga iluminado

De tarde faz sexo com o padre
de noite bate na avó
e de manhã maltrata o cachorro

Mas como é um menino exemplar no culto
vai pro céu em área vip
com open bar de vinho e pão

Falha

É madrugada minha hora preferida
quando o dia faz sentido
quando se vive de verdade

Silêncio, os mortais dormem
alarme, quase hora de tocar
branco, não sei mais que escrever

terça-feira, 27 de março de 2012

01:37

Nunca mais escrevi
acho que cansei
não me sinto inspirado
pra escrever esse astral

de ter que sorrir sempre
de achar que a vida é bela
demonstrar um animo em viver

Pessoas assim existem realmente
ou apenas são a mascara ?

segunda-feira, 19 de março de 2012

Uns versos

Eu quero correr riscos
Por isso fugi de casa
deixei pra trás o toca discos
serei astronauta da nasa

quero seu carinho
sob o céu de estrelas
não me deixe sozinho
aquim triste a vê-las

por que a noite é fria
e eu procuro proteção
se você não surge de dia
de noite vem a solidão

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Tempos

O dia se foi
a noite está indo
O carnaval passou

Veio chuva, veio Sol
as estrelas me viram dormir só
minha barba cresceu
a cerveja acabou
só você não veio






Continua perdida onde eu não te alcance
Vive se escondendo pra me fazer esperar

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Outro ato

Não consegui dormir
vi da janela o amanhecer
A lua fugiu
e os passaros cantaram

Um dia que amanhece chuvoso
do verão que vai e volta
entre dias de praia
e dias de guarda-chuva

Barulhos na rua
a cidade volta a acordar
e o sono nem chegou
já é de verdade dia

O ano que começa
vem trazendo dias mais felizes
madrugadas que valem a pena
com o consentimento da lua

Da rua que vê apressada
onibus, carros, pessoas
sobrevivendo como dá
numa rotina frustrante

Acho que não tô fazendo sentido nenhum

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O pombo

O pombo preto voa pro telhado
olha, pensa no outro telhado
para, me observa

Olho pra ele
que encontro fascinante de espécies
mas descobri o mistério

Ele apenas pensou:
"que ser primitivo
ele não sabe voar"

II

Até pensei em dizer
que minha espécie é evoluída
e construiu coisas
sei falar
sabemos fazer uma arma
pra matar pombos

Mas de nada adiantaria

Ele sabe voar
eu não

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O buraco

Arraste o que resta do seu corpo decadente
Vá depressa em direção ao buraco
Sinta a vida indo embora
Lentamente
Melancolicamente

E dentro do buraco obscuro
Sozinho e triste
Apenas veja que não consegue olhar
pra fora, nem ver a saída

Todos te abandonaram
Ninguém fez questão de você
talvez te jogaram aí no fundo

Não importa como
nem importa o porque
O erro é só achar que as pessoas se importam

Verso Roubado

Pega um fosforo, acende teu cigarro
ei, esse verso não é meu
mas já que o poeta morreu
escrevo eu, que não morro

Isso devia ser um soneto
com forma bonita e rima exemplar
mas pra que limitar a mente
e se esforçar em rimar

Versos livres aqui
rimas pobres acolá
E algo que possa ler

Vou ver a televisão
a qualidade não importa
mas no fim precisa vender

domingo, 29 de janeiro de 2012

Dúvida

Se esse onibus bater
vou morrer tão jovem
e tão tragicamente

Será que viro um livro best seller
Tipo pensamentos inúteis de uma vida curta

Natal

A cidade arrumada
colorida nessa época
decorada para o Natal

Só me lembram uma coisa
tô sem dinheiro, porra

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Versos

Versos tristes
versos alegres
versos que são simplesmente versos

Existem no eter
filosofia acima da nossa capacidade

Não podemos vê-lo
não diretamente
nos ofuscaria
e talvez até nos cegaria

É o sentimento puro
no mundo ideal
é preciso fechar os olhos
ignorar os outros sentidos
e deixar a mente escrever