Passo dias sonhando acordado
vivendo vidas que nunca vivi
Penso estar preso no passado
mas é ilusão e caí
Imagino rumos que poderia ter ido
Seguindo sonhos inocentes de criança
Indo em frente cheio de esperança
Mas foi caminho perdido
Nunca pude voar com asas cortadas
Sem encarar a tesoura que cortou
talvez invejando quem um dia voou
quem ganhou o mundo por essas estradas
sem paradas atrás dos rumos da vida
talvez não achando a volta, mas longe da ida
E eu fiquei confortável no chão
Na segurança do medo de altura
que me disseram - é prudente ter
pois não convém viver
uma vida de tanta loucura
bobagem criar essa ilusão
pois sonhar é caro demais
melhor viver no chão sem nada de mais
hoje eu olho a mesma parede branca
e chamam de vitória
eu não escrevi minha história
aceitei aquela dócil tranca
hoje eu conto piada
e todos julgam que sou feliz
mas parece que ninguém diz
sobre a minha risada
vejo o céu bem azul lá fora
mas aqui dentro segue gelado
como ele, sigo condicionado
vezes entediado, outras mau-humorado
quase sempre esperando a hora
um dia fui criança e sonhei
a vida dos sonhos que viveria
hoje, adulto, sem aquela alegria
digo que nunca me achei
ou me achei numa rua dessa cidade
sobrevivendo na mediocridade
o que sai da caneta nem faz sentido
é visão amargurada do passado
do que eu queria e deu tudo errado
talvez nem devia ter dito
pra não repensar o não vivido
para não viver amargurado
Também não posso dizer
que tudo é tão ruim assim
boas coisas que acontecem pra mim
e seria injusto esconder
tenho pra onde ir no fim do dia
me esconder desse mundo mesquinho
ter compreensão e carinho
num potinho de alegria
descansar apesar de tudo
e sonhar com algo melhor
que pode haver bem maior
mesmo que os dias sejam iguais
parados, e isso não significa paz
não escrevo buscando notoriedade
isos fica para os que voam alto
pássaros do outro lado da cidade
os que voam nos aeroportos
os que ficam no chão como patos
são lembrados só depois de mortos
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