terça-feira, 5 de março de 2013

Meu avô-hai


(ou um ensaio sobre a velhice)

Tradições de anos atrás
ele ainda segue à risca
Coisas que ninguém lembra mais
ele ainda pratica

Suas histórias de homem idoso
de tempos outros, tempos idos
que não o deixaram famoso
mas o fizeram vivido

E dorme cedo, acorda cedo e nesse ritmo vai
sai pra comprar jornal. Lê e fica com medo da violência na cidade
dá seus conselhos de velho, vive como se fosse chefe de família, um pai
E ouve suas músicas velhas, de velhos música que narram sua realidade

Fala de quando não estiver mais aqui
Como deve ser estranho se conformar
Que um dia pode estar pra partir
dormir, sonhar, simplesmente não acordar

O fim é um drama comum
a idade que chega nos deixa perto
a morte tá na cabeça de qualquer um
ninguém vivo se crê eterno

É o drama de imaginar o outro lado
e esse estado crítico
o medo de ter vivido errado
nesse pensamento único metafísico

Um comentário:

  1. Ficou simplesmente lindo!!
    Muito foda.
    Parabéns, Icrinho.

    Continue se jogando nos versos e na vida.

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