Me olho nesse vidro maldito
e não me reconheço
mas deveria ser sincero
espero ser claro - nem me conheço
meu olhar é o desânimo cansado
de quem corre sabendo que vai perder
que vai tropeçar pra cair
e levantar pra morrer
odiando tanto a vida
quanto essas rimas no infinitivo
Eu deveria fazer a barba
eu deveria fazer alguma coisa
ser útil - mas pra quem?
se logo percebo que sou ninguém
com algumas moedas no bolso
um documento de identidade
que revelam o muito pouco
que fiz com minha idade
Na casa ao lado o vizinho faz festa
sigo aqui ocupado com nada
já é alguma madrugada
também tenho insônia e não é bom
viro acordado pensando besteira
alisando a barba e coçando a testa
Esses versos precisam rimar?
Amanhã eu nem entenderei a letra
ninguém lerá esse rabisco
não preciso correr esse risco
Talvez eu nem seja burro
e veja tudo da forma errada
sou semi-analfabeto em viver
Sem grana pra pagar terapia
a via do desabafo é escrever
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentar é grátis, aproveite