quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Algum sábado

Ontem foi diferente
noite bem estranha
dormi de boa, entende
Sem visita da insônia
Percebi quando acordei
A hora voa bem sei
o alarme tocou
o mundo acordou
não fui dormir com o Sol
Ele me acordou

Agora aqui, no tédio
olhando a preguiça das horas
o relógio parece quebrado
eu pareço ansioso - cansado
contra o tempo não há remédio
paciência não é virtude
quem não tem não se ilude

quem é poeta da rima fácil
de montão enche o papel
amém - não é meu caso porém
a rima custa, é torre de babel
olho pra cima não vejo o céu
só um teto de luzes artificiais
que me oprime com seu branco
É o progresso - Deus é mais
não regresso a ser humano

O ambiente estéril cheira a nada
nem à brisa do mar
nem ao sujo da calçada
O ar condicionado tá parado
mas não tem calor humano
o frio é insano
e não há ninguém do meu lado

Tudo é passado
os dinossauros, Muhammad Ali
o que recém escrevi
escrevo num papel em pedaço
leio e jogo de lado
enchi o lixo sem pena
ajudo a destruir o ecossistema
quantas árvores são destruídas
pra nascer esse poema?

Quem realmente se importa?
com o que de fato importa
diga um e aumente a aposta
não me importo com essa bosta
sem ponto final
sem caneta nem um real

Aperta o espaço
no curto eu faço
rimas sem nenhum sentido
um verso vazio e comprido
que borra nessa tinta

Amanhã nem vou entender
o que tá nesse papel
escrevo pra enganar
o estômago - o relógio
A mim mesmo - óbvio

Nisso sou especialista
tanto me engano que nem confio
e nem me conheço
Hoje mó apreço
Amanhã desprezo e frio

Sem razão nem pista
nem questão
o tempo acabou

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