domingo, 17 de fevereiro de 2013

Do questionamento à resignação


Mas quem sou eu ?
que não sou bem sucedido
nem tão amado quanto vocês
tampouco sou bonito, ou interessante

que tenho essa vida opaca
ninguém se interessa
ninguem pergunta
o que eu tenho feito, o que acho disso

Eu que quero ser poeta
e tô longe de Fernando Pessoa
sou só mais uma pessoa
e claro, menos importante que você

eu que sequer sei rimar
que nunca aprendi a amar
que nem sei ser hipócrita
para fingir que sou feliz

não sou exemplo de nada
sou sempre uma sala apagada
tropeçando em todos os móveis
invisíveis no escuro

e meus amigos, tão interessantes
com conquistas, crescendo na vida
sorriem e são felizes, sim
são populares, todos gostam deles

eu que afasto as pessoas
que estão comigo por pena
ou por falta de opção
aturam minha presença irrelevante

E como posso julgá-los
se tudo isso é verdade
sou inapto pra viver bem
e ser aceito na sociedade

O correto é deixá-los ir
encontrar os outros interessantes
aquelas pessoas que realmente
ocuparão o seu vazio

E se eu estiver escrevendo
sei que nada importa
as gotas secarão, a vida vai
até que alguem se importe

para o mundo, sou deserto
seco, desinteressante, vazio
um pedaço abandonado da criação
que talvez se esqueçam que existiu

E se você estiver ainda lendo isso
nem preciso pedir, de verdade
apenas não se importe, ignore
sou mais um nessa cidade

eu sei que grito por socorro
e ninguém nem olha pro lado
é que sou mudo nesse mundo
e você, muito ocupado

nunca quis incomodar
nem sequer ocupar espaço
qualquer dia eu sumo, juro
ninguem vai se preocupar

nunca quis esse dinheiro
nem tampouco esse status
quero não dormir sozinho
quero atenção, algo de carinho
mas nunca passei de ponto anônimo

Um comentário:

  1. espero que você nunca mais se sinta assim, longe de mim querer mandar no que você sente, só espero poder te demonstrar todo o dia o quanto você é importante, não só isso, espero que você saiba o quanto é importante só de se olhar no espelho, sem precisar de reconhecimento alheio! .-.

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