terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um mar

Hoje depois de muito tempo
voltei pra casa pela orla
para ver o mar

Mas de que adiantou
se a viagem foi de noite
se sentei do lado contrário

So vi carros indo
e pessoas apressadas vindo
de repente uma curva foi feita
e tudo voltou ao cotidiano

sábado, 27 de novembro de 2010

Pensamento perdido

A pior coisa que há
é perder um pensamento
ontem mesmo, por exemplo
tinha um bom texto na mente
juro que era

E pela demora em escrevê-lo
devo ter dormido, acho
perdi para sempre
apagou-se na mente
e vaga pelo cosmos

no universo das idéias perdidas
esse espaço superlotado
que tem com certeza
pensamentos de cada um

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Aula

Chego tarde na aula
me atraso de propósito
para passar o menor tempo
ouvindo debates repetitivos

Na frente da sala
a professora vai falando
prefiro me perder nesse texto
esperando as horas passarem

A sala está cheia
de pessoas interessadas
ou aparentemente estão
não sei onde estã suas mentes

A hora insiste em não passar
mesmo que eu olhe o relógio
a cada instante
na esperança de acabar

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sorrisos amarelos

Dê um sorriso amarelo
e diga que está tudo bem
Quando for perguntado
Mesmo que seja uma grande mentira

Chegue ao fundo do poço
da sua vontade de viver
pense num modo
de deixar de existir

Who cares
about your life
about your emotions
Nobody cares

Fuja enquanto é tempo
Desista enquanto as fichas são baixas
A vida é para os fortes
de corpo e espírito

domingo, 14 de novembro de 2010

Simples cotidiano II

Enquando dormia
sonhei com poker
com bombas atômicas
e com minha família

Nem Freud explica
o sentido desses sonhos
e a ligação entre eles

A completa afirmação do nada
e a psicodelia do inconsciente

A viagem foi inútil
de volta ao ônibus
dessa vez do lado do Sol
experimentando o verão que virá

Trinta graus, marca o relógio
na frente do ponto
Trinta graus é a temperatura
que o homem derrete, penso eu

Queria uns dias nublados
pra viver esse cotidiano

sábado, 13 de novembro de 2010

Simples cotidiano I

Era uma tarde de novembro
Céu Azul
Fazia calor na cidade

O vento que batia
pensava no ano que viria
com alguma esperança de mudança

Pessoas alheias a isso
nas filas esperando o ônibus
pra voltarem às suas vidas

A fila cresce e o ônibus não vem
pessoas já impaciente esperam
um homem passa vendendo café

Alguns mexem no celular
outros conversam
muitos apenas esperam

minutos que duram uma eternidade
que justificam o estar atrasado
e o onibus cheio

Então chega ele
tão esperado
o salvador

Lado da sombra
pra ir curtindo a viagem
chega o sono

Quem senta do lado
insiste em tentar ler
sinais quase indecifráveis
de um alfabeto particular

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Um épico

Meu sonho era escrever
um poema épico, heróico
que estivesse nos livros de história
como nome de herói nacional

Perpetuando meu nome
para todas as gerações futuras
terem algum motivo
pra se orgulharem de mim

Nem isso consegui
escrevo esse poema frustrado
que faz companhia
a outros tanto iguais

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Aquele jovem

Se aquele jovem morreu
foi de saudades
de algo que nunca conheceu
um amor de verdade

Mas não lamente sua solidão
e nem sua partida
Essas dores do coração
fazem parte da vida

Numa carta que me escreveu
dizia cansei de sonhar
vou para um lugar melhor

pro amigo que a leu
não se preocupar
com um destino tão só

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Um lamento qualquer em dois atos

O dia vai chegando
na sua segunda hora
e sentado na cama
dedilho as cordas do violão

Apago as luzes
e só as cordas ressoam
no escuro do meu quarto
sou feio, mas não importa

De nada vale
é um mundo de cegos
onde sons agradáveis
valem mais que aparências

II

Me permita chorar
no escuro da cama
quando penso quem sou
e na vida que tenho

Me perdoem
por pensar todas as noites
como seria melhor se eu não tivesse nascido
sonho com isso sempre

E nos sonhos alegres
me vejo feliz existindo
no limbo dos nunca nascidos
sem conhecer a dor da vida

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Soneto sem título

Depois do poente
choveu de repente
vidros fechados
e homens molhados

Vivendo na solidão
de uma grande cidade
sobrevivendo numa situação
e escapando da realidade

O ônibus viaja apressado
um vento frio na janela
me dá vontade de dormir

Não vejo do meu lado
tão linda, ela
é hora de partir