quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Escrevendo na Rede

I

Uma rede, um violão
Um dia de Sol e céu bem azul
Na vizinhança, nenhum barulho
Árvores dos lados e um vento agradável

Solitário, ele escreve
Olhando as aves voando
E cantando algum refrão
de alguma canção

Um bicho estranho tenta se aproximar
Talvez querendo contar algo
Pode ser o segredo da vida
Mas ele voava contra o vento
Foi um esforço inútil

Viver é um esforço inútil
E o segredo da vida é só pra aqueles
que vivem a favor do vento

II

Embaixo do telhado do meu vizinho
Protegidas do Sol estão dois pombos
Discutindo sobre algo relevante
Talvez economia ou futebol
Comendo e sujando a parede
Agora um voou pro telhado de cá
Provavelmente veio ler o que eu escrevia dele
Pombo Mal educado !

Foram embora os dois
Confabulando em outro lugar
E por isso esse texto tem que acabar aqui

III

Lá longe passa um avião
Passando como um ponto no céu
Mas e se ele cair de lá
E morrer todo mundo...

Eu por acaso seria testemunha
Ou cumplice de um crime sem culpado ?
Ele passou rápido
e foi embora
Fiquei menos preocupado
e menos culpado

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Robert Enke

Todos imaginam que somos felizes
Até que tomamos uma decisão
A de acabar com essa mentira
Que é nossa vida

E se guardamos as tristezas
É porque não nos entenderiam
Ou simplesmente ignorariam

Provavelmente sejamos loucos
Ou acomodados
Pessoas que não querem ser felizes
No nosso mundo extraordinário

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Três atos

I

Acho engraçado que chorem minha morte
Vocês que sempre riram da minha aparência feia
Ou da barba irregular e falhada
Vocês que riam da minha falta de jeito
Eu que fui apenas um cara legal
Daqueles que não é bom ficar por perto
Um pária, evitável

II

Vida desgraçada
Vou me afastando de você
Um pouco mais a cada dia

Para que possa ir embora
sem que seja notado
No fim da tarde, um poente
Sem deixar saudade

Não diga que sou importante
Por consolo ou falsidade
Sempre tive a noção clara
De minha irrelevância

III

As horas passam arrastando
Como a areia numa ampulheta
Os dias do calendário são iguais
Nem sei que dia é hoje

Sei que não quero um amanhã
Que tenha que chamar de hoje


Aqui morre um cara feio, triste e solitário

sábado, 16 de janeiro de 2010

R.I.P

Uma morte inesperada
Era uma pessoa mui amada
Morreu de que ?
Não se sabe

Está lá no caixão
Não é mais nada
E por acaso antes era algo ?

No seu enterro
Três pessoas
Curiosos

Seus parentes e amigos estavam ocupados
Ele morreu no dia errado
Ele nasceu no dia errado
Na verdade, toda a sua vida foi um grande erro

Sempre tímido
Vendo tudo como se estivesse de fora
De passagem
Tinha a exata noção de que ocupava espaço demais
Ainda que não fosse grande

Morreu numa madrugada silenciosa
Sozinho no quarto escuro
Evitou fazer barulho, sujeira e bagunça
Não queria ser um estorvo mais uma vez

Que recolhessem a sujeira e continuassem a vida
O que não seria difícil
Durante todo esse tempo
Foi como se nunca existisse
Sabia que nunca fez diferença

Seria uma nave

Sol, céu azul
Na TV uma propaganda do carnaval
Pra quem se acostumou a ficar sozinho
A Festa não existe

Uma nave num vórtice
Um piloto solitário
Voando na velocidade da luz
Pra fugir
Pra bem longe
Pro mundo dos sonhos

domingo, 3 de janeiro de 2010

Breve relato de coisas variadas

Faltou Luz
Achei um bom momento pra escrever
É interessante escrever assim, porque nem eu leio
E o resultado final é surpresa até pra mim

Além disso, posso escrever pro céu chuvoso
Ele não está bonito, as estrelas sumiram, a lua também
Gosto dele assim
Sombrio, chuvoso, triste
O vento frio reforça a sensação

Meu irmão tá andando pela casa
Ele odeia falta de luz
Quando era mais novo ele tinha medo

Eu me pergunto, quem vai ler isso
A ninguém vai interessar minhas bobagens
Eu escrevo não pra me sentir melhor
Mas talvez pra me ver no texto
que obviamente é ruim

Desconheço métrica
Não possuo recurso conhecido pelos que vivem disso
Ou tentam, pelo menos
A letra ainda está mais feia que o normal, eu imagino

A animação e as expectativas de inicio de ano também me contagiaram
A diferença é que pra mim já passou
2010 está um saco
Não fosse ano de Copa, já seria digno pular da janela, ou se enforcar
Minhas alegrias sempre foram assim, externas e idependentes de mim
Sempre foram e sempre serão

Esse texto nasceu após uma amiga dizer que não queria ser impotunada no celular
Vim na janela tomar chuva e vento e a chuva apertou

A falta de energia foi inspiradora, mas já chega
No próximo reveillon espero não me animar, espero que não tenha reveillon

Esse texto é visivelmente sem nexo