quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Venha

Um olhar esquivado
um sorriso sem graça
palavras que saem da boca
que não sabe o que dizer

Só queria te ver
e te ter comigo
nada mais importaria
depois desse dia

Nem essa rotina insuportável
a sensação de estar perdido na vida
mas apareça logo, te peço
antes que seja tarde demais

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Meio dia

É meio dia
em algum canto do mundo
o sono de depois do almoço
para dormir e sonhar

O vento que bate
lento, com preguiça
numa tarde de verão
mexendo coisas do coração

Num verso livre que surge
tão devagar quanto a vida
que passa lá fora na rua
quase parando e dormindo

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Apagão de uma noite de verão

E de repente
naquele pedaço de mundo
as luzes do progresso morreram
e voltamos aos tempos antigos

Luzes de vela na casa
embalando uma escrita despretensiosa
bom para olhar pro céu
e pensar em qualquer coisa

O céu tão belo quanto esse
torna-se um espetáculo a parte
como nunca se vê assim
numa noite nas grandes cidades

Só agora, na total escuridão
as estrelas se mostram por inteiro
Iluminando a noite
e mostrando sua beleza

II

Corre, minha querida
venha ver as estrelas
te prometo aquela, a mais brilhante
se vier comigo hoje

Num amor longo
como são as noites de verão
só esse céu brilhante
como nosso teto e limite

Não deixe que o sonho
seja curto como o sono
e se acabe pela manhã
num melancólico adeus

III

Escrever à luz de velas
é uma experiência inspiradora
me sinto como um antigo poeta
concentrado com sua pena

Onde nada mais importa
além do texto e da inspiração
coisas que surgem por acaso
e se vão na mesma velocidade

na casa ao lado
homens fumam à beira do rádio
todos rindo, sentados no chão
e o cheiro se espalha a todo lado

Toca Creedence
mas logo muda
me distraí escrevendo
agora não sei o que é

Alguém acorda no quarto ao lado
tosse, levanta, anda e volta
resmunga, fala algo e volta a dormir
barulho só lá fora

Estou apaixonado
não sei por quem e nem porque
mas é uma noite de verão
imagino que todos estão

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Nuvens

Aqui bem de cima
são mais engraçadas as nuvens
como grandes bolas de algodão
que estão por todo lado

Nesse momento
só consigo vê-las
correndo até mim
mas logo indo embora
voltando pra casa

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A vida é bela

Meu amigo dormiu
ali na poltroina do lado
embarcando num sonho bom
nesse fim de viagem

possivelmente lembrou
de como foi bom seu ano
e faz planos otimistas
para o ano que vem

Admiro os que pensam positivo
e acham que a vida é bela
ou a menos pode ser
em felizes momentos

Na poltrona da frente
uma família conversa
feliz com a viagem
e planeja passeios

Bem, aqui estou só
ossos do ofício
as vezes olho na janela
as vezes escrevo

Sonho com algo
devo ter esse direito
alegrias de momento
que ao menos sejam lembranças

De uma vida muito curta
que nunca valeu a pena

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Uma vista de cima

Do lado da asa
faz um barulho chato
mas olhando pro céu
posso imaginar o silencio

Aqui não tem passaros
nem nenhum ser vivo
só o avião, enorme
cortando o céu estéril

Apenas a implacável evolução
que cada dia mais
a ferro e fogo
destrói tudo no caminho

O São Francisco de Gonzagão
vem pra desaguar no mar
o rio do sertanejo
que vem de lá do interior

Além do alcance da vista
mesmo daqui de cima
e que bate no mar
como a lembrar

Que o nordestino é gente
forte e imponente
encara até mesmo o oceano
sem se esquecer de quem é

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Triste ano velho

Do ano que vai
não levo nada
de bom pra contar
numa conversa de pai

Acelerando e deixando pra trás
todo um tempo que foi perdido
sem nenhuma esperança real
de que dias melhores virão

Deixo pra trás
a cidade da Bahia
com seu Sol de verão
pra subir ainda mais
mais perto do Equador

por cima das nuvens
num céu bem azul
cruzando dunas e praias
que perdem espaços pras casas

Vilas perdidas ali
no tempo-espaço do progresso
escondidas atrás de uma colina
com suas ruas de barro